Houve um tempo,
onde o silêncio, e os olhares instintivamente se
comunicavam entre si,
Trago deste período resíduo
de medos fossilizados
em mim.
Tinha medo dos porões mofados,
e esquecidos embaixo das casas
Medo da escuridão, também tinha,
e medo das cavernas que por
séculos habitei,
Quando ainda não existia
fogo neste mundo,
eu um símio infantil e assustado,
recolhia-me no colo da minha
mater dolorosa símia,
Que me ninava cantando uma velha canção rock-in-roll.
Os medos das assombrações
vieram depois,
Vieram com as tempestades
Em seus cavalos selvagens,
Trazidos nas histórias macabras da minha tataravó, recontadas por uma velha, que após sua morte viera me assombrar nos primeiros dez anos da minha penosa existência.
Enfim cresci, tornei-me
homem, evolui,
E comigo todos medos evoluirão
na mesma proporção;
Medo da morte,
Medo de falar em público,
Medo de avião,
Tinha medo do medo alheio,
Exausto, neste rodamoinho fóbico adormeci
Não era noite, nem dia
Algo assim, entre o onírico e o pantanoso
Com sua Hidra de Lerna
A me aterrorizar
Tinha medo das catedrais, Dos padres, das coisas pregadas Nas paredes, Era tudo assustador, Talvez fosse paúra mesmo
- Autor: Shmuel (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 16 de fevereiro de 2021 14:35
- Comentário do autor sobre o poema: Uma trajetória sobre o medo e os efeitos que o mesmo causam em nós. Por mais que superamos esses medos. Alguns resíduos permanecem. Mantendo em nós aquele rostinho assustado da criança que um dia fomos.
- Categoria: Surrealista
- Visualizações: 50
- Usuários favoritos deste poema: LEIDE FREITAS
Comentários16
Belo poema sobre esse sentimento as vezes esquecido, poeta.
"onde o silêncio, e os olhares instintivamente
se comunicavam entre si,
Trago deste período resíduo de medos
fossilizados em mim",
muito bom.
Obrigado, Eras! Queria falar sobre o medo. Está semana a inspiração veio.
Grato pelo comentário e incentivo.
Abraços
Tenho também alguns dos teus medos.
acrescento , medo de altura.
Belo poema amigo
tiro o chapéu, abraço.
Caro poeta de altura tenho paura.
Abraços!
Muito bonito, Shimul, a forma que vc desenvolve o texto, nos envolvendo com bela poética.
Abraço
Depois que entrei no meu lado poético. Me sinto muito animado em escrever. Aqui e no nosso grupo, me sinto em uma escola. Gratidão a todos que com suas poesias e contos me fascinam, e me inspiram muito, a desenvolver meus escritos.
Grande poeta, abraços.
Shmul poeta querido,
Um dos temas mais controversos na literatura é o da "fobia social". Onde muitos escritores, até mesmo ignoram textos valiosos, exatamente por "medo". Seu poema tem cunho psicanalítico e flui com maestria o lúdico versar.
Um expert em contos poéticos "Trash" no meio de nós!
Parabéns amigo poeta!
Abraços...Siga feliz.
Puxa...que honra ler tão comentário! Você me estimula a seguir neste ofício.
Um abraço ao poeta!
"Medo de voar de avião "
Esse é pra mim um pavor
Também tenho um medão:
Medo de ficar sem amor (rsrs)
Abraços amigão. Que bom ter seu poema pra comentar.
Deve ser ruim mesmo ficar sem amor. Um baita medo. Só perde para o medo que que assola a maioria; Medo de barata.kkk
Meu querido amigo e grande poeta. Seu comentário ilumina o meu texto.
Bom dia!
Shmuel, tenho até saudaades dom medinhos, que na infância eram grandes... GOSTEI MUITO DO SEU POEMA!
Medinhos... ficava paralizado com as histórias que a Dona Carminha me contava.
Um grande abraço poeta!
***Dona Carminha, minha mamãe.
Obrigado, cara poeta Cecilia. Pelo comentário. É verdade tinha uma época da quaresma que sentia medo. Não me lembro muito bem porquê. Vou perguntar para minha mãe.kkk
Abraços.
Tinha medo de olhares de pessoas que eu respeitava.... não precisava uma palavra.
Seu poema me trouxe várias recordações...
Muito bom. Parabéns!
grande abraço
Ficam em nós os requiscios psicológicos, cara poeta. Só Fleud na causa.
Abraços!
Não perderá jamais este medo de crer no Creador. Os demais, estes a gente vai driblando. Obrigado pela gentileza em ler meus escritos poeticos.
Boa noite a poeta, Maisa Chagas.
Também perdi pessoas muito próximas.
Irmãos, filho, pai, tias, amigos. Realmente concordo com você. Perder pessoas queridas, hoje é meu calcanhar de Aquiles. Obrigado por ler meu poema.
Abraços, Lady Hawke.
Huau estupendo, muito bem trabalhado um sentimento que de certa forma afectou quase todas as crianças...
Aplausos meu caro amigo Poeta
Grande Abraço
Você sempre muito simpática, Helena Rodrigues. Seu comentários são sempre bem - vindos.
Abraços,
Um encanto , muitas lembrança mesmo que seja de medo os versos nos fazem ir além... Gratidão poeta pela partilha...
Grato NeivaDiceu, um honra ser seu amigo e poeta colibri.
O medo a princípio é a nossa primeira defesa e instinto de sobrevivência... excelente reflexão.
Boa noite e até breve, caro poeta Shmuel!
Sim, ainda bem que minha mamãe e protegia nas cavernas escuras.
Abraços,
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