Shmuel

Medo, medinho, medão.

Houve um tempo,
onde o silêncio, e os olhares instintivamente se
comunicavam entre si,
Trago deste período resíduo 
de medos fossilizados
em mim.

Tinha medo dos porões mofados,
e esquecidos embaixo das casas
Medo da escuridão, também tinha,
e medo das cavernas que por     
  séculos habitei,
Quando ainda não existia 
fogo neste mundo,
 eu um símio infantil e assustado,
 recolhia-me no colo da minha 
mater dolorosa símia, 
Que me ninava cantando uma velha canção rock-in-roll.

Os medos das assombrações
vieram depois,
Vieram com as tempestades
Em seus cavalos selvagens,
Trazidos nas histórias macabras da minha tataravó, recontadas por uma velha, que após sua morte viera me assombrar nos primeiros dez anos da minha penosa existência.

Enfim cresci, tornei-me 
homem, evolui,
E comigo todos medos evoluirão 
na mesma proporção;
Medo da morte,
Medo de falar em público,
Medo de avião,
Tinha medo do medo alheio,

Exausto, neste rodamoinho          fóbico adormeci
Não era noite,  nem dia
Algo assim, entre o onírico e o pantanoso
Com sua Hidra de Lerna 
A  me aterrorizar

Tinha medo das catedrais,        Dos padres, das coisas pregadas  Nas paredes,                                    Era tudo assustador,                        Talvez fosse paúra mesmo