Eugênio Ramos Gianetti tem 68 anos e vive nas ruas há 20 deles, encontrando na poesia sua voz.
O poeta conta que as pessoas que vivem nas ruas são invisíveis para a sociedade. Mas conta também que cada pessoa ali tem a sua história e há todo tipo de sofrimento.
Ele conta que não houve nenhum grande trauma que o tenha levado ao vício do álcool. Sua família era bem estruturada, ele estudou e cursou até o ensino médio, casou-se e teve duas filhas. Mas quando foi apresentado ao álcool em 2017, pouco a pouco teve o vício se apoderando de sua vida. Assim, aos 48 anos, ele saiu de casa e não mais retornou.
Mas viver nas ruas de São Paulo e albergues ali não é o único desafio de sua vida, ele também tem que lidar com o alcoolismo. No entanto, nada disso impediu o escritor e poeta de publicar seu livro. E, na realidade, esse será seu segundo livro de poesias publicado.
Devido a pandemia, desde o mês de abril do ano passado que ele se encontra no Centro de Acolhida Especial para Idosos Morada Nova Luz, na Rua Helvétia.
Seu novo livro publicado
E consegui publicar o seu livro de poesias foi possível graças a ajuda da bibliotecária Luciana Maria Florindo. O que acontece é que Eugênio tem o costume de frequentara biblioteca do SESC Carmo, onde Luciana trabalha há 16 anos. Ela ficou curiosa com aquele senhor devorando vários livros e não falava com ninguém.
Eugênio não confia tão facilmente nas pessoas, então levou um tempo até Luciana conquistar sua confiança. Assim, ele passou a mostrar para ela alguns de seus poemas. A bibliotecária conta que o primeiro poema dele que ela leu estava num bateu amassado, mas que os versos mostraram potencial.
A bibliotecária refletiu e sentiu que precisava fazer algo por ele, então se dispôs a organizar os poemas dele, ele aceitou e trouxe uma pasta com todos. Ela organizou tudo no computador e em seguida enviou para a editora.
Como tudo começou
O poeta que não possui residência fixa conta que quem o incentivou para a leitura foram seus pais. Mas apenas a partir de 1980 que ele começou a escrever de forma séria.
E foi nessa época que ele publicou o seu primeiro livro. Eugênio trabalhava no Centro Educacional Equipe, onde havia uma pequena editora, então ele conseguiu publicar um livro de romance com pequena tiragem, mas ele não possui mais registros da obra.
Mas então veio a oportunidade de publicar seu novo livro de poesia intitulado de “Zoobreviver”.
O poeta ainda conta que usa uma máquina de escrever para registrar seus poemas. Primeiro ele escreve no seu caderno e depois passa para a máquina.
Ele ainda conta que escreve sobre o que observa. E esse novo livro tem como base o momento em que ele tem passado fora das ruas, em que, segundo ele, pôde assumir novamente o controle de sua vida, estando não apenas fora das ruas, mas também sóbrio.
Mas já há planos para um novo livro que, dessa vez, dialoga mais com o seu eu que vivia nas ruas.
Comentários2
Reflexivo e Triste História ! "O Ser tem que Si Cuidar e Cuidar" Recuperação Poeta ! Paz e Bem !
Uma bela historia de vida, aonde aponto o descaso que temos com pessoas de talento ilimitado, que não encontra guarida e joga seus sonhos nos vícios que se desvanecem e vira pó. Pena que os dirigentes do nosso pais, não abram caminhos para que poetas, escritores, músicos, compositores etc etc. tenham facilidade em editar ou exercer suas atividades artísticas, pois o custo para registros de obras comercialização, distribuição é altíssimo e este fator inibe, e restringe , o criador a ter melhoria em sua vida, e possa ser útil ao Brasil, e não se torne um viciado ou um marginal devido a este fator, aliado ao protecionismo e amigos, que vivem a espoliar e delapidar vidas . Veja que filhos de artista sempre serão artista, filhos de ricos, todas as portas e facilidade de encontram, e ao pobre ou menos favorecido da sorte, só por milagre vencem e se tornam homens de bem, Parabéns ao Eugenio, que Deus abra seus caminhos.
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