Aos 72 anos, poeta vende picolé para publicar livros

Aos 72 anos, poeta vende picolé pelas ruas de Acopiara, no Centro-Sul cearense, para publicar livros de poesia.

Aos 72 anos, poeta vende picolé para publicar livro

Há de se concordar que a poesia é uma linguagem poderosa. E o senhor Erivaldo Alencar sabe bem disso.

Desde 1998 que Alencar produz poesias. E é da renda da venda dos picolés, juntamente com o valor de sua aposentadoria, que ele publica as suas obras.

E é ali, em meio ao sol escaldante, que ele tem papel e caneta em mãos, escrevendo entre uma venda e outra e em outros momentos, quando a inspiração lhe vem.

A renda diária com as vendas é de em média R$ 20,00, a qual ele soma com sua aposentadoria. Não há tempo ruim para ele quando um sonho é seu impulsionador.

Poeta Erivaldo Alencar

Poeta Erivaldo Alencar. Foto: Diário do Nordeste

São mais de duas décadas produzindo poemas, onde ele já publicou mais de 17 livros de poesia, 75 cordéis e, ao todo, foram mais de 2.700 poemas (boa parte deles já registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro). O poeta possui um blog onde compartilha alguns de seus poemas desde 2011.

 

Um pouco da história do poeta e picolezeiro Erivaldo Alencar

Assim como quase todo moço nascido no interior do estado (no seu caso, no distrito de São Paulino, em Acopiara), Erivaldo trabalhou na roça desde os cinco anos, lidando com o gado.

Quando ele completou 20 anos deixou sua terra natal e foi para São Paulo trabalhar. Mas por lá ficou somente por um ano, pois sentiu saudades de casa.

Tempos depois ele se casa e tem duas filhas, retornado, então, em 1970, para a cidade de São Paulo para trabalhar. Mas após o divórcio ele retorna para sua terra natal, já com um diploma em eletrônica e monta uma oficina, atuando nesse ramo por 16 anos.

Mas tempos depois ele retorna para o trabalho no campo, atuando com isso até que os problemas físicos o passem a limitar. E é aí que ele decide morar na cidade e passa a vender picolé.

E a inspiração para as artes veio de Julio Aires Pereira, seu pai, um cantador de viola. Julio sempre tinha em seus versos a poesia sertaneja.

Mas a poesia se tornou efetiva na vida de Erivaldo após uma decepção no meio esportivo. Ele, que fundou a Liga Acopiarense de Futebol, tendo sido por três vezes presidente, trocou a bola por papel e caneta.

Segundo ele conta, pediu para Deus que lhe mostrasse uma forma de viver, mas não pensando no dinheiro, senão numa maneira de se reencontrar após essa decepção com o esporte. E assim ele encontrou na poesia uma maneira de se manter tranquilo e realizado.

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