Um equilibrista lígneo

Cristh

Pela manhãzinha, corre João a festejar
Saltitando entre aberturas fluviais
Que do chão, a farpas veem-se ablaquear
Causadas pelas intempéries naturais

O café, assim quentinho, com surrado pão
Aquele da fornada dos últimos três meses
Com os miolos já em podridão
Enquanto a faca caduca serpenteia as faces

Um convidado inesperado e indesejável
Pertencente àquela categoria comensal
Andarilho por todos conhecido e abominável
No recinto adentra, o roedor "descomunal"

Às 8:50, como profissão de fé
O garoto rodopia entre sacos em putrefação
Numa esteira improvisada, mantém-se de pé
Encontra passatempo na devastação

As palafitas tortuosas e carcomidas
Com madeiras e taipas empenadas
São o seu público, de atrações não aplaudidas
Pelas altivas marés já desabitadas.

  • Autor: (In)mimesis (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de julho de 2021 19:40
  • Comentário do autor sobre o poema: O brasil real se descrito a partir do rigor formal do brasil oficial...
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 32
  • Usuários favoritos deste poema: Shmuel, Ernane Bernardo, CORASSIS
Comentários +

Comentários5

  • Shmuel

    Bravo! Seja bem-vinda poeta.
    Abraços,

  • Ema Machado

    Aplausos! Muito lindo!

  • Claudio Reis

    Bem vinda poetisa!

    Belos versos para nos fazer o bem ao ler.
    Abraços

  • Ernane Bernardo

    Belíssimo poema, parabéns, poetisa Thacila, seja bem-vinda. Bom dia, abraços poéticos.

  • CORASSIS

    Aplaudidíssima!
    Belo!



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