Nove de maio

Cecilia

NOVE DE MAIO

 Onde esteve você, amor da minha vida,

ao longo de dez anos ?

 

Só os despojos ficaram conosco.

A casca adorada,   cinzas  perecíveis,

depusemos ritualmente entre as raízes

da árvore  que você amava.

 

Mas, e o alento?   O sopro divino

que animou  sua carne, e o fez ser quem foi?

Não admito que essas bolhas de infinito

se tenham desmanchado no ar,

ou congelado no éter, até o final dos tempos.

 

Procuro você nos traços

de filhos e netos...Eles se parecem,

mas não partilham a mesma essência,

a luz é outra.

 

Nas tábuas do assoalho busco passos,

vozes,  risos entranhados nas paredes...

ecos... aromas fugidios...   Não alcanço sequer

a leve fímbria  da amnésia em que se esconde.

 

 Nada sei da outra margem do  Estige... 

 Nem ouso esperar que, em algum tempo,

ali nos encontremos.

 

  Seria possível, talvez,

se você soubesse que existo...

Amor da minha vida,

você se lembra de mim?

  • Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 21 de abril de 2021 15:39
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 21
Comentários +

Comentários8

  • Wilson Karvalho

    Belo Poema Cecília. Parabéns

    • Cecilia

      Muito obrigada,Wilson

    • Maria dorta

      Você vem e com beleza,um tanto funerária e saudosa, nos encanta. É um quase pranto saudoso mas sua volta aqui merece aplausos.

      • Cecilia

        Muito obrigada, Maria. Por ter lido e apreciado me poema triste , por ter notado minha ausência. Grande abraço.

      • Ema Machado

        Profundamente lindo! Estavas fazendo falta... Abraços,,

        • Cecilia

          Obrigada, Ema. Andei perrengue, como se diz na minha terra, fiquei com saudades de vocês!Grande abraço.

        • Dr. Francisco Mello

          Pois assim diz o Senhor: Tão certo como EU SOU, vós encontrareis. Se será a margem, a montante ou a jusante, não é relevante ou permitido saberes, todavia é imperativo teres a certeza do belíssimo reencontro.
          Muita Luz para ele, e para a Senhora, resignação e sabedoria para ressignificar este contexto e conviver com a saudade. É como grafo. Abraço fraterno, amiga.

          • Cecilia

            Obrigada, Dr. Francisco, pela atenção e pelo alento de suas palavras. Grande abraço.

            • Dr. Francisco Mello

              Sou eu quem agradece, poetisa.
              Paz profunda.
              Baita abraço.

            • Claudio Reis

              Uma saudade incontida faz de um poema uma prova de amor!
              Poetisa Cecília. ..Minhas considerações!
              ABRAÇOS

            • Cecilia

              Obrigada, Cláudio. Grande abraço.

            • Maximiliano Skol

              Ah! Querida Cecília, seu poema me atingiu a ponto de lacrimosas emoções. Quanto sofremos com os “risos entranhados nas paredes “ dos que se foram!... A essência do que somos sempre será única. Espero que no outro lado do Esfige vocês se encontrarão, caso contrário, foram miragens, mas que ficaram registradas nos seus tão tocantes versos.
              Um beijo.

              • Cecilia

                Meu querido amigo, que saudade ! Agradeço suas palavras, suas emoções...Grande beijo afetuoso

              • CORASSIS

                Saudades eternas , muitas guardadas para sempre, levadas no coração !
                Belo poema, grande inspiração poética, estávamos com saudade ,
                abraços .

                • Cecilia

                  Corassis, eu também senti muitas saudades de vocês. obrigada



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