“Uma Maria quarqué”: como a poesia transformou a vida de uma mulher de 40 anos hoje graduada em letras

A poesia transformou a vida de uma mulher de 40 anos que não havia nem mesmo concluído o ensino fundamental.

Kennya Silva poeta poesia agricultora

Tudo o que Kennya Silva queria era alugar um filme para assistir com a sua família depois que a energia elétrica chegou até sua residência, na comunidade de Tupã, na cidade de Xinguara (Pará).

Mas ao percorrer mais de 15 km até a locadora mais próxima, no centro, teve que ouvir um não da proprietária, pois ela morava em área rural e, segundo a dona, não haveria garantias de que ela retornaria para devolver o material.

Revoltada e chorosa, Kennya volta para sua casa, mas ao invés de focar no filme que sua família sonhava em assistir, ela resolve usar papel e a caneta para expressar sua insatisfação.

 

“Uma Maria Quarqué” que mudou a sua vida

Havia um poema que Kennya tinha começado a escrever faziam 8 anos, mas não estava pronto, então ela resolveu dar continuação. Ela escreve poesia desde que era adolescente.

“Uma Maria Quarqué” foi concluído, mas ela não queria que parasse por ali, então enviou o poema para a Rádio Nacional, ao programa Viva Maria. E para a surpresa de Kennya, o seu poema foi declamado no programa pela jornalista Mara Régia.

Viva Maria é um programa que faz parte da vida de Kennya que, usando um radinho de pilhas, se mantinha atenta a programação.

Mas a situação não parou por aí.

O poema de Kennya teve uma enorme repercussão, inspirando mulheres a voltarem a estudar. Nisso, houve até mesmo uma senhora que passou a pedalar de bicicleta por 18 km para estudar.

Com isso, a própria Kennya se inspirou também e voltou a estudar. Ela fez supletivo e ingressou na faculdade, formando-se mais tarde em Letras.

Ela, agora uma poeta conhecida, teve o reconhecimento por seus poemas através de premiações como o prêmio Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos.

Nas palavra da própria Kennya Silva:

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Ela ainda concluiu que, a poesia não é algo que lhe dá dinheiro, mas é algo que dá emoções que o dinheiro não consegue comprar.

Hoje ela vive como professora da rede municipal, mas também como trabalhadora rural na produção de frutas como cupuaçu, acerola, graviola e tamarindo.

 

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