Poesia no Afeganistão: refúgio e luz para as trevas

Um país conhecido pelas guerras, conflitos armados e terrorismo, o Afeganistão tem na poesia um pouco de esperança e refúgio.

Poesia do Afeganistão: refúgio e luz para as trevas

Poemas que trazem conforto para a vida dos afegãos e fazem parte da vida da maioria das pessoas ali.

Mahdi Mohammadi, cineasta e co-fundador da Papyrus Theatre Company em Cabul, diz que a poesia é algo ativo na vida das pessoas do Afeganistão, país para o qual ele se mudou com sua família quando tinha 11 anos, sendo que lá é comum acordar e receber uma mensagem de algum conhecido com uma poesia que alegra seu dia.

Mohammadi também conta que, quando foi do Irã para o Afeganistão com sua família, em sua adolescência ele frequentava um bazar onde haviam vendedores ambulantes comercializando livros de poesias, mas como ele não tinha dinheiro para comprar, então memorizava os versos ali e pegou o hábito de enviar versos para seus amigos entes queridos.

Ele conta ainda que quando se lê uma poesia, os versos fazem com que você se veja dentro das palavras e te deixam mais feliz e isso te dá vontade de passar aquilo a diante, ou seja, de querer que outras pessoas também sintam essa alegria.

 

Mais sobre a poesia no Afeganistão e sua influencia

A poesia no Afeganistão é escrita mais em pashto e persa (que por lá é conhecida como “Dari”).

Mohammadi diz que no país a poesia faz parte do dia a dia das pessoas e os versos de poetas como Jalāl ad-Dīn Muhammad, Omar Khayyam e Saadi Shirazi trazem conforto e consolo. Esses poetas persas, com seus versos sobre amor e sobre a natureza humana, ainda serviram como inspiração para autores como Goethe e Ralph Waldo Emerson.

No Afeganistão existe uma tradição (a Fal-e Hafez) onde se acredita que os dilemas emocionais podem encontrar respostas em poemas como os do poeta Hafez do século 13. E isso costuma acontecer durante a festa tradicional chamada de Nowruz (ano novo persa).

E essa tradição é basicamente assim: um membro mais velho da família lê um poema do livro de Hafez e traduz o que aquilo diz para um de seus familiares, sendo que esse familiar deve estar de olhos fechados e pensando sobre um problema que deseje contar respostas.

Inclusive, essa tradição serviu de inspiração para o enredo da peça de teatro de Mohammadi para PYT Fairfield, intitulada de “Dorr-e Dari: um curso intensivo de poesia na linguagem do amor”, a qual estrou no Carriageworks sendo parte do Festival de Sydney.

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