“A universidade desconhecida”, obra póstuma de poesia de Roberto Bolaño, aborda sobre sua mortalidade.
Já em edição brasileira, o livro traz temas que são preciosos para o autor chileno, tais como amor, literatura, exílio e também a violência política latino-americana.
Roberto Bolaño, autor conhecido pelos romances “Os detetives selvagens” e “2666”, além de outros, também aventurou-se como poeta, sendo que em 1976 ele publicou uma coletânea contendo 20 poemas, seu primeiro livro publicado, que foi impresso usando a prensa artesanal de um de seus amigos.
“A universidade desconhecida” de Roberto Bolaño
Numa entrevista feita em 1998, Bolaño descreve que todo escritor passa por uma formação que guia os seus passos, essa seria a “universidade desconhecida” e também móvel, comum para todos, a qual não possui uma sede fixa.
Bolaño faleceu em 2003, aos 50 anos, e o livro “A universidade desconhecida” foi publicado de forma póstuma em 2007. A obra é um volume vasta que fecha um ciclo de poesia do autor chileno.
Esse livro, que recebe edição brasileira, compreende poemas escritos por Bolaño entre os anos de 1978 e 1993, ano em que ele inicia o projeto, logo após receber o diagnóstico da doença que o ceifou.
Nessa obra póstuma vemos que é constante a percepção da própria mortalidade, com certo tons de melancolia e até mesmo faíscas de ironia do autor.
Nos versos de poemas como “O robô” ele declara:
“Lembro que Platão me dizia isso e não prestei atenção. Agora estou na discoteca da morte e não há nada que eu possa fazer: o espaço é um paradoxo”.
Ele ainda relata em um poema escrito para seu filho, intitulado de “Dois poemas para Lautaro Bolaño”, sobre uma biblioteca que seria uma herança material e imaterial:
“Leia os velhos poetas e cuide de seus livros / É um dos poucos conselhos que seu pai pode lhe dar”. O futuro é uma responsabilidade compartilhada pelos livros e pelas pessoas: “Resistam, queridos livrinhos / Atravessem os dias como cavaleiros medievais / E cuidem de meu filho / Nos anos vindouros”.
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