CARTA AO DESAMOR...
Eu bem percebo quando te calas. Em teu pensamento sei que não habito...
Nele estou sempre ausente... Penso, tento chegar, mas não resisto...
Que contraste! Amor e desprezo!?
Não! Não ouso ir tão longe, só desamor!
Atravessei a vida em tua busca,
Pensando ter te encontrado de forma incomum,
Forma que tu não aceita, e nem crê que exista...
Nem no lirismo e sonhos de poetas!
Não te culpo. Também não acreditava.
Só que o destino pensando diferente,
Abriu-me este arcano, e sem que eu visse
Perdi-me na descoberta!
E, foi assim, de dor em dor, de amargura em amargura,
Onde a felicidade às vezes pontuava, que até vi uma vida futura!
Mas, depois de muito sofrimento implorei aos céus um lenitivo,
E, tu, com a frieza da incredulidade, por fim, de ti me afastas...
Convenceu-me de fato... Tens razão...
É como dizem os sábios,
Nada dura para sempre,
E, toda dor tem seu momento do basta!
Digo-te, porém, não sou como as ondas do mar
Que espocam nas areias da mesma praia há milênios,
E insistem nisso, convictas de seu amor pela Terra,
Num sagrado ritual sem descanso! Não tenho esta paciência!
Às vezes sinto teus olhos voando para o infinito e vejo em tua boca
Que existe, há muito, um beijo lacrado de esperança louca,
E que jamais vou conseguir abri-lo...
Talvez, por isso, finalmente convenci-me de tua indiferença!
Não vale a pena, dizes. Solto, então, as amarras da verdade,
E me lanço ao mar da solidão... Perdoa, e por mim, apenas ore!
Quem sabe, um dia, meu veleiro, com a carga da saudade,
Retorne, e no teu porto inda ancore!
Nelson de Medeiros
- Autor: Nelson de Medeiros ( Offline)
- Publicado: 1 de julho de 2020 10:29
- Categoria: Carta
- Visualizações: 27
Comentários8
Poema triste, porém, de uma beleza que encanta, ainda mais com palavras certas, cuidadosamente sopradas.
De fato, o desamor onde se instala, cria a solidão, a tristeza e a dor. Dizem que ele é irmão gêmeo da indiferença.
Parabéns poeta de alma sensível!! Beijo poético
Obrigado pela spalavras amigas.
1 ab
Lindo poema, meu caro amigo Nelson!
Iniciei querendo que você decida logo deixá-la, mas fui ficando em dúvida, quase convencida por tão lindo amor. E, no final, com tão belos estrofes, não consegui me manter na torcida do contra.
"Retorne, e no teu porto inda ancore!"
Suas belas palavras, esse amor expressado com tanta força e sentimentos parece não convencer apenas a sua musa, não é mesmo?!
Vou atender o seu pedido feito a ela "apenas ore"! Porque diante de tanta emoção, torço que um dia encontre-se, encontre-o em alguém que merece seus lindos versos e coração!
A indiferença e o desamor mesmo amando tem um nome: fraqueza! Poesia triste, bem escrita. Lamento existirem tantos nesse mundo vivendo dessa forma, amando e fugindo do amor, da entrega por medos. Parabéns meu amigo poeta. abraço.
O desamor é igual escuridão, qeu se justifica apenas pela ausência de luz, pela falta da essência... Ainda que não correspondido, o amor é sempre bonito...
Abraço
Eu tinha lido, não me lembro em qual site, mas reli...texto recheado de sentimentos de amor, paixão,desilusão e um desencanto.Linda missiva. Parabéns
Grande Lilian. Satisfação sempre em receber teus comnetários que inventivam o vate , eterno romantico sonhador.
1 ab
Que delicia de poema. Parabéns.
Nelson, lindo, bem feito, bom de ler esse poema delicado . Parabéns .Abraço.
Eu li e reli... Lindo... Intenso... um poema perfeito.
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