Estiagem brava, céu inclemente,
pasto seco, criação morrendo.
Madrugadinha veio o homem
que, Deus sendo servido,
achava água onde uma forquilha
vergasse para o chão.
Cavadeira, enxada, enxadão,
corda no sarilho, força na manivela,
baldes subindo, pesados
de terra úmida.
Vinte palmos para dentro do chão,
mais doze, mais dez, mais um pouco...
De repente, um disco de prata
tremeluz no fundo escuro.
Louvado seja Deus!
Noite fechada
o poceiro emerge do barro,
trôpego de exaustão.
Halo sutil rodeia a face suja,
e as mãos de arcanjo erguem o jarro cheio
como um troféu.
Como um presente,
mais precioso que ouro, incenso e mirra:
Água!
- Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 6 de junho de 2020 12:29
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 31
Comentários8
Como sempre, minha amiga, adoro ler teus poemas tão cheios de verdade cotidiana;
1 ab
Nelson, obrigada pelo tanto que você me anima e prestigia. Vivi cinquenta anos na zona rural, vejo com carinho as coisas simples.
Parabéns pelo lindo poema
poetisa Cecilia
Muito obrigada, Corassis. Suas mensagens me incentivam sempre.
Lindo poema!
Descrição bonita de um cotidiano simples da aridez que castiga.
O valor da água e o sacrifício em matar a sede.
Vale também um reflexão.
Abraço
Obrigada, Hébron.
Cecília, em seus primórdios a humanidade guerreou pelo fogo... acho que virão grandes guerras, por essa preciosidade, que você transforma em doce poesia...
ontem e hoje briga-se por tres barras:de córrego, de ouro e de saia.
Chico Lino, 0brigada! "Água" me é caro por ser homenagem ao meu marido, que sabia encontrar os veios com forquilha e, como todo roceiro, sabia o valor da água.
Hebron, muito obrigada por ter lido meu texto, e me enviar esse comentãrio gentil.
Que poesia linda!
Água é vida!
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