Essas tais almas peregrinas
parecem aves de rapina
Brotam no sertão nordestino
plantas rasteiras,sol a pino.
Ninguém sequer adivinha,
nem sabe a mão que as plantou
Há mulheres sábias,bruxinhas
recolhe_as,faz delas chá,doutor.
Pode ter certeza: bebeu,curou!
Essa sabedoria popular
povo despossuido,salvou.
O nordestino,crestado de sol,
Só vê água,quando,de sofrência,chora.
Come tanajura,piaba
morre como moscas,cortando cana
nas fazendas dos ricos.
Vivem em choupanas,dormem em catres.
Pura gente pra descarte!
A conta no barracão só aumenta.
Está configurado o trabalho escravo.
Ninguém denuncia,nem comenta!
Assim se esfacelando vai (dês)vivendo esse povo.
De teimoso,vai sobrevivendo
Sorriem desdentados,pés descalços.
E os políticos por eles eleitos?
Vivem nababescamente,comendo caviar
Bebendo bebidas estrangeiras deles vão se lembrar quando a eleicao chegar!
Entra eleição,sai eleição
São sempre os mesmos no pódio
Passa de pai para filho e neto o bastião do poder
As mesmas famílias se revezando
Sem nada fazer e o povo a sofrer.
Até quando,como cordeiros,serao os nordestinos sangrados?
Caladamente no altar da ganância sacrificados, esse povo vai se imolando. Até quando?
Maria Dorta 01_2_2022
- Autor: Maria dorta (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 1 de fevereiro de 2022 00:13
- Comentário do autor sobre o poema: Quem cala consente,não quero ser conivente com este eterno sofrimento da nação nordestina.Lanço aqui meu grito indignado!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 35
Comentários7
Bom dia poeta.
Tudo verdade! Mas, quando o egóismo - o princiípio e a razão de todos os males - for erradicado da mente humana, todos os povos terão tratamento humano e digno. E esta cambada de politicos que negam tudo não podrão negar a sua derrota moral.
1 ab
Gratidão,Nelson! Somos uma nação espoliadas e desamparada. Saudações cordiais.
O povo nordestino tem meu respeito, sobrevivem aos percalços de vida e de uma dura natureza, vampirizados por clãs políticos que se perpetuam no poder através de gerações. Também tem meu profundo respeito e com admiração o seu desabafo, muito bem manifestado com a escrita eloquente que lhe é peculiar. Abs.
Gratidão poeta. Você é bem antenado e atualizado. Poucos tem essa estatura social. Abç
Muito bem feito e colocado! Aplausos!
Gratidão,Ema!
Toda verdade escrita , e nordestina como sou, digo cara poeta neste dia, descreveste com maestria a dura lida do povo do nordeste em poesia.
Gratidão!
Gratidão ,como um prato de feijão e uns nacos de xarque, é festim para poucos lá no sertão nordestino esse povo vive de teimoso e eu fazendo tão pouco para ajudar. Eles nem sabem ler para apreciar um poetar. Nem sei onde está nossa consciência social! Abç
SERGIO NEVES - ..."verdades" antigas essas...,...tempo vai, tempo vem...,...e tu reiteraste isso de forma muito consciente e com muita grandeza poética...,...ótimo! /// Meu carinho.
De um poeta de tua jaez e com tanta consciência social eu não poderia esperar nada melhor. Gratidão pela leitura e tuas palavras!
Escolhi "Grito Nordestino" dentre seus poemas para ler primeiro. Gosto de ler um por vez, refletir, saborear, reler e só depois escolho outro. Este escolhi por me identificar muito com a temática nordestina, nordestino potiguar que sou. Estou me deliciando e vendo e me vendo nordestino, como o descrito no poema. Parabéns!
Tinha que ser um nordestino para ressoar como um tambor minha indignação. O Nordestino é antes de tudo um sofredor e isso precisa ser mudado. Gratidão por tua leitura e sensibilidade.
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