Essas tais almas peregrinas
parecem aves de rapina
Brotam no sertão nordestino
plantas rasteiras,sol a pino.
Ninguém sequer adivinha,
nem sabe a mão que as plantou
Há mulheres sábias,bruxinhas
recolhe_as,faz delas chá,doutor.
Pode ter certeza: bebeu,curou!
Essa sabedoria popular
povo despossuido,salvou.
O nordestino,crestado de sol,
Só vê água,quando,de sofrência,chora.
Come tanajura,piaba
morre como moscas,cortando cana
nas fazendas dos ricos.
Vivem em choupanas,dormem em catres.
Pura gente pra descarte!
A conta no barracão só aumenta.
Está configurado o trabalho escravo.
Ninguém denuncia,nem comenta!
Assim se esfacelando vai (dês)vivendo esse povo.
De teimoso,vai sobrevivendo
Sorriem desdentados,pés descalços.
E os políticos por eles eleitos?
Vivem nababescamente,comendo caviar
Bebendo bebidas estrangeiras deles vão se lembrar quando a eleicao chegar!
Entra eleição,sai eleição
São sempre os mesmos no pódio
Passa de pai para filho e neto o bastião do poder
As mesmas famílias se revezando
Sem nada fazer e o povo a sofrer.
Até quando,como cordeiros,serao os nordestinos sangrados?
Caladamente no altar da ganância sacrificados, esse povo vai se imolando. Até quando?
Maria Dorta 01_2_2022