Dois dedos de Prosa

Maria dorta

           Para ela,aceitar viver um romance em terras estrangeiras,era algo de inusitado,uma aventura,talvez curiosidade,experiência ,coisa fugidia,experimento  social.

    O convite era enfático,foi crescendo feito semente em fértil solo,adubado 

      Até o par que formavam era harmônico. Os dois eram brancos,mesma etnia,intelectuais,ambos pós_graduados. Um Doutor,outro Mestre. Parecia se completarem,mesmo falando idiomas diferentes.

Eram de dois mundos diversos mas,com as mesmas carências  de amor e romance.. Ambos muito sozinhos,no interior do ser. Mas,ambos habitados e povoados por múltiplos " eus". Isso não os favoreceu.

Tinha os dois muitas semelhanças: egos imensos,gigantes,conflitantes,indomados.. Todos egos fragilizados por sofrimentos e histórias de vida pontuadas de fracassos sentimentais.

Quando magoados eram dois planetas longínquos,estranhos e verdadeiramente,estrangeiros,sem língua comum para diálogo.

Eram feitos de silêncios onde as coisas não ditas tinham peso esmagador. Às vezes, tentativas tímidas de colocar os pontos nos ii , quase vingava. Logo, o silêncio detonava a frágil ponte que creavam e os dois,caiam no vácuo do desencontro.

Assim mesmo,quase sem baixar a guarda do medo,entre os dois floresceu   a flor do amor.

        Eram dois barcos meio a' deriva, buscando traçar igual itinerário de vida,para ,juntos, chegarem ao mesmo porto de destino.

       Podiam,por uns meses_ o tempo que lhe era permitido ficar no pais_ dividir a casa,a comida,os passeios e o leito. Até a filosofia de vida , os pensamentos  podiam se conjugar ,e a a afinidade, a espiritual,vinha completar o " pacote"!

       Mas,já é sabido,afinidade pode ter " escolha" ,diferentemente de parentesco_ uma sina  onde não há escolha a ser feita.

Dizem que a  afinidade nasce da escolha. Ele a havia escolhido para possível companheira de vida. Meio hesitante,ela aceitara depois de certa relutância,nisso era useira!

Tinham intenções modestas e isso não se  presta a juramentos nem a  abertas declarações de amor.

Mas,não podiam negar: depois de dois episódios de convivência estavam,caladamente, apaixonados.

Nenhum foi culpado!

O fato era inegável e os fizeram prolongar " o estágio" de convivência por mais três meses,ou três episódios.

 Queriam,talvez,saber mesmo sem se darem conta disso,se viver juntos acabaria se revelando uma via de tráfico intenso e extenso ou  beco sem saída.

Ali então, o amor seria sacrificado ( e foi!) em nome das incoerências do ego,  morreria desvalido, desassistido!

 

Maria Dorta  5_12_2021

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Maria dorta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de dezembro de 2021 15:24
  • Comentário do autor sobre o poema: Dando vazão a' criatividade na prosa.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 39
  • Usuários favoritos deste poema: Janderson Shady
Comentários +

Comentários11

  • Elfrans Silva

    Seria uma união experimental, tipo, ficar? Muito comum hoje em dia? Uma coisa concordo: é preciso sim, compactuar, dividir entre si, compartilhar principalmente idéias e planos presentes/futuros. Renovar, por que não, os propósitos? No fim de tudo, VAI QUE COLA? rsrsrsrs. Abraços poéticos amiga poetisa. Boa semana

    • Maria dorta

      Pode ser tudo. E nada. Ou tudo e nada. Grata pela leitura.

    • Claudio Reis

      Na poesia a prosa tem arte original!
      A poetisa esbanja sensibilidade poética narrando um conto romântico que nos faz delirar e sentir amor.

      És mesmo um primor da escrita, poetisa!

      Em pé, aplaudo!

      • Maria dorta

        Nem é preciso ficar de pé,Cláudio! Rsrs amigo é muito suspeito. Sou grata pela leitura e feedback!

      • Ema Machado

        Penso que vivi algo, parecido aqui, similar..., mas, enfim... "Chapéu"

      • Maria dorta

        Pois é amiga. Acontece muito...

      • Maximiliano Skol

        Faltou- lhes suficiente sabedoria para usar diálogos com humor e até de gargalhadas no sentido de aparar as arestas mantidas pelas incoerências do ego entre ambos. Você, querida Dorta, desta vez, preferiu um epílogo trágico na sua excelente prosa poética, quando sacrificou num suspense o amor.
        Gostei do desenrolar do tema, tão comum,
        tão sofrido.
        Um beijo.

        • Maria dorta

          Às vezes é só criação,outras vezes pura realidade. A real_ idade faz o tempo retroceder. Ou tudo aqui é ilusão?

        • Edla Marinho

          Quantas vezes... Quantas pessoas não passaram e passam... Irão passar por isto, não é?
          Às vezes dá certo, outras não...
          Gostei amiga Maria Dorta.
          Boa semana, abraço.

          • Maria dorta

            É bem verdade. E tecemos no relato uma possível ( ir)realidade. Afinal, tudo é mesmo fruto da imaginação ? E ficamos aqui com a indagação. Grata pela presença,amiga colibri.

          • Barbara Guimaraes

            Nossa! Amei! Não interpreto... mas senti o impacto aqui dentro... alguns toques...realidade ou ficção? Que importa... importa tocar a alma...aplausos!

          • Maria dorta

            É verdade ou não. Afinal onde está essa nossa " realidade",? às vezes nos a vivemos e vamos fundo, às vezes a inventamos rsrs grata pelo gentil feedback.

          • LEIDE FREITAS

            Belíssimo conto em forma de poesia. Adoro histórias de amor, mesmo as que não tem final feliz...esta foi tão bem escrita.
            Boa tarde!

            • Maria dorta

              Grata pela leitura e teu comentário. Uma honra!

            • Nelson de Medeiros

              Boa tarde, poeta.
              Excelente a tua prosa. Curti de verdade.
              1 ab

              • Maria dorta

                Tua leitura na minha página chega a ser uma honra,Nelson. Você me inspira e ensina. Gratidão!

              • Janderson Shady

                Que prosa fantástica, muitos relacionamentos que iniciam sem pretensão e que florescem algo , mas se não houver planejamento mútuo e mesma intensidade, torna-se desgastante e findam . Obrigado pela prosa e chapéu!

                • Maria dorta

                  Grata pela leitura e tua sensata observação. Gostei.



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