Para ela,aceitar viver um romance em terras estrangeiras,era algo de inusitado,uma aventura,talvez curiosidade,experiência ,coisa fugidia,experimento social.
O convite era enfático,foi crescendo feito semente em fértil solo,adubado
Até o par que formavam era harmônico. Os dois eram brancos,mesma etnia,intelectuais,ambos pós_graduados. Um Doutor,outro Mestre. Parecia se completarem,mesmo falando idiomas diferentes.
Eram de dois mundos diversos mas,com as mesmas carências de amor e romance.. Ambos muito sozinhos,no interior do ser. Mas,ambos habitados e povoados por múltiplos \" eus\". Isso não os favoreceu.
Tinha os dois muitas semelhanças: egos imensos,gigantes,conflitantes,indomados.. Todos egos fragilizados por sofrimentos e histórias de vida pontuadas de fracassos sentimentais.
Quando magoados eram dois planetas longínquos,estranhos e verdadeiramente,estrangeiros,sem língua comum para diálogo.
Eram feitos de silêncios onde as coisas não ditas tinham peso esmagador. Às vezes, tentativas tímidas de colocar os pontos nos ii , quase vingava. Logo, o silêncio detonava a frágil ponte que creavam e os dois,caiam no vácuo do desencontro.
Assim mesmo,quase sem baixar a guarda do medo,entre os dois floresceu a flor do amor.
Eram dois barcos meio a\' deriva, buscando traçar igual itinerário de vida,para ,juntos, chegarem ao mesmo porto de destino.
Podiam,por uns meses_ o tempo que lhe era permitido ficar no pais_ dividir a casa,a comida,os passeios e o leito. Até a filosofia de vida , os pensamentos podiam se conjugar ,e a a afinidade, a espiritual,vinha completar o \" pacote\"!
Mas,já é sabido,afinidade pode ter \" escolha\" ,diferentemente de parentesco_ uma sina onde não há escolha a ser feita.
Dizem que a afinidade nasce da escolha. Ele a havia escolhido para possível companheira de vida. Meio hesitante,ela aceitara depois de certa relutância,nisso era useira!
Tinham intenções modestas e isso não se presta a juramentos nem a abertas declarações de amor.
Mas,não podiam negar: depois de dois episódios de convivência estavam,caladamente, apaixonados.
Nenhum foi culpado!
O fato era inegável e os fizeram prolongar \" o estágio\" de convivência por mais três meses,ou três episódios.
Queriam,talvez,saber mesmo sem se darem conta disso,se viver juntos acabaria se revelando uma via de tráfico intenso e extenso ou beco sem saída.
Ali então, o amor seria sacrificado ( e foi!) em nome das incoerências do ego, morreria desvalido, desassistido!
Maria Dorta 5_12_2021