Helio Valim

Invisíveis

 

Cresce afoita a imensa cidade,

se movimenta com ansiedade,

pois, ruas, avenidas e viadutos

não podem parar um minuto.

 

A expansão de sua área urbana

atropela sensos de urbanidade,

devorando, com intensa voracidade,

o que resta da humana qualidade.

 

Como Leviatã, com seus tentáculos

envolve e estrangula a compaixão,

deixando seu povo sem percepção,

tratando pessoas como obstáculos.

 

Cidadãos “invisibilizados”, silenciados,

sobrevivem nos espaços alternativos,

que a cidade ambiciosa esqueceu,

mas, implacável, reivindica como seus.

 

Pelejadores por despercebidos hiatos,

moradores sem destino, teto ou tino,

fazem deles, suas moradas de fato.

Apesar de jamais notados, resistem.

  • Autor: Helio Valim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de Março de 2021 12:42
  • Comentário do autor sobre o poema: Através de um censo realizado em outubro de 2019 a prefeitura do Rio de Janeiro, teve consciência do tamanho do dilema social quando se trata de moradores de rua. Foram recenseados mais de 7200 moradores em situação de rua. Apesar de não haver pesquisa em relação a 2021 é, razoável, acreditar na elevação considerável desse número, como consequência da pandemia e aumento do desemprego. As cidades não podem "invisibilizar" a população de rua. É prioritário que sejam elaboradas políticas públicas de planejamento urbano, incorporando ações psicossociais consensuais, que permitam a esses habitantes das cidades, acesso à dignidade e cidadania.
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 23

Comentários6

  • mary costa

    "Cresce afoita a imensa cidade", é meu amigo Helio Valim, esse crescimento das cidades me assusta. prefiro a calmaria de uma cidade pacata. Belo poema, parabéns. Abraços

    • Helio Valim

      Mary, obrigado pela leitura e comentário. O crescimento desordenado e inconsequente das grandes cidades assusta e oprime seus cidadãos, principalmente aqueles mais desprotegidos. Um abraço.

    • Maria dorta

      Alguma medida tem que ser tomada pelos donos do dinheiro que pagamos como impostos pra tudo que é lado! Os que são visíveis precisam gritar alto,pleitear uma medida para essa gente ser amparada. Não votam mas são cidadãos. Vamos à ação!

      • Helio Valim

        Maria Dorta, comentário perfeito. Um grande abraço.

      • Claudia Casagrande

        Poema belo de muito valor.
        Penso que os interesses políticos são outros, ainda...
        mas tenho esperança, ainda...
        um grande abraço

        • Helio Valim

          Cláudia, obrigado. Poesia do dia a dia é "crônica-poética" com crítica social. Um grande abraço

        • CORASSIS

          Parabéns poeta por não se calar!!!
          abraço.

          • Helio Valim

            Corassis, obrigado. Sem dúvida, mesmo que a voz da poesia esteja tão "rouca", continuamos! Percebo que sua poesia também não se cala, como no poema "Grito de comando". Um abraço

          • Ema Machado

            Já escrevi inúmeras vezes sobre o mesmo tema, poucos são os abrem os olhos para a realidade que grita! Aplaudo de pé!

            • Helio Valim

              Olá, Ema. Obrigado pelo comentário. Que bom que essa temática, tão sensível, faça parte do seu portfólio. Parabéns, a "crônica-poética" é uma forma incisiva de crítica social. Um grande abraço.

            • Helena Rodrigues

              Boa noite amigo Hélio
              O crescimento da miséria humana, é um pesar para quem tem alma, coração e amor ao próximo, não se consegue ficar indiferente... Mas meu caro amigo, creio que somos os , em menor número...
              Por todo o mundo tem crescido a miséria descoberta, em número de referendos...
              Mas a juntar a essa há a encoberta, por nossa geração, e ainda muita pela geração dos nossos pais...
              Ainda há " sobras '
              ":Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe" Deus Tende Piedade e Misericórdia De todos nós
              Abraço

              • Helio Valim

                Estimada, Helena seu comentário é um libelo na análise da condição humana e da miséria encoberta, por gerações. Concordo, infelizmente, com a sua retórica eloquente. Mas, sua conclusão deixa uma esperança: "Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe". Um grande abraço.



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