Helio Valim

Invisíveis

 

Cresce afoita a imensa cidade,

se movimenta com ansiedade,

pois, ruas, avenidas e viadutos

não podem parar um minuto.

 

A expansão de sua área urbana

atropela sensos de urbanidade,

devorando, com intensa voracidade,

o que resta da humana qualidade.

 

Como Leviatã, com seus tentáculos

envolve e estrangula a compaixão,

deixando seu povo sem percepção,

tratando pessoas como obstáculos.

 

Cidadãos “invisibilizados”, silenciados,

sobrevivem nos espaços alternativos,

que a cidade ambiciosa esqueceu,

mas, implacável, reivindica como seus.

 

Pelejadores por despercebidos hiatos,

moradores sem destino, teto ou tino,

fazem deles, suas moradas de fato.

Apesar de jamais notados, resistem.