Cresce afoita a imensa cidade,
se movimenta com ansiedade,
pois, ruas, avenidas e viadutos
não podem parar um minuto.
A expansão de sua área urbana
atropela sensos de urbanidade,
devorando, com intensa voracidade,
o que resta da humana qualidade.
Como Leviatã, com seus tentáculos
envolve e estrangula a compaixão,
deixando seu povo sem percepção,
tratando pessoas como obstáculos.
Cidadãos “invisibilizados”, silenciados,
sobrevivem nos espaços alternativos,
que a cidade ambiciosa esqueceu,
mas, implacável, reivindica como seus.
Pelejadores por despercebidos hiatos,
moradores sem destino, teto ou tino,
fazem deles, suas moradas de fato.
Apesar de jamais notados, resistem.