Não foi um desatino!
Foi um sincero amor ainda não correspondido, pois não perco a esperança...
Investi, resisti a uma indiferença charmosa, declamei publicamente a vitória do cortejo, de certa forma me atirei mesmo aos braços dele, despudoradamente até, na ânsia de tê-lo inteiramente na mesma intensidade da minha entrega... pois a paixão afinal não merece julgamentos ou limites...
Cedi apaixonadamente por conta de um receio meio que intuitivo de ser rejeitado, queria me garantir, desfilar com ele por aí a tirar onda, impactar...
Fez-me juras de amor... e permiti a revogação da exigência de visto ao americano, sem reciprocidade (assim como faz com meu amor); para agradá-lo, ainda determinei a subordinação de um general do meu exército às forças armadas do seu país, fui insinuante...
Fez-me elogios e liberei o subsídio a consideráveis cotas do trigo e etanol dele, no entanto, sem o mesmo carinho em troca, prejudicando meus produtores conterrâneos... e movido pela emoção ampliei a importação de derivados de petróleo, mesmo que para isso deixasse nossa estrutura de refino em prejudicial ócio...
Deu-me esperança... e em troca lhe entreguei a base militar espacial de Alcântara, onde sequer poderei entrar; prometi brigar com meu vizinho, renunciei posição na OMC e fiz a ele várias outras vontades e concessões... tudo para ter o gozo de um amor que se mostra platônico nos meus lapsos de lucidez...
Mas a paixão é uma loucura e tenho ainda o desejo vivo, seremos uma só carne, uma só nação, seremos a extensão da América e ninguém virá atentar contra nossa soberania, o amor ainda vai brotar verdejante no coração daquele que ainda me ignora...
Ele mais uma vez me fez afago, desculpa-se, diz que me quer... e eu quero me entregar plenamente, sou capaz de lhe entregar as reservas da minha verde esperança para realizar nosso sonho de casamento...
Muito além de um bouquet, com audácia lhe ofereço e quero dar, decisivo e confiante, o botão de toda flor, as flores de todo jardim, de toda uma floresta...
A ele entregarei a própria floresta e suas riquezas, vão também minha lealdade e dignidade... Acho que dessa vez ele não vai resistir...
A ele ainda declaro: "I love you!"
Comentários7
O retrato da nossa realidade atual
Bom dia, poeta.
Obrigado pelo comentário, amigo poeta.
É uma realidade muito triste, mas temos que nos expressar, essa é a arma que tenho.
Abraço!
Que declaraçao de amor mais submissa. Porém como crítica é perfeita e totalmente oportuna.
Bom dia, Hebron Reis.
Obrigado pela leitura e pelo comentário, amigo poeta!
A crítica não pode ficar guardada.
Abraço
Tá certinho, devemos nos posicionar mesmo.
Kkkk... que maravilha, Hébron... é o amor, em tempos pandêmicos... triste relação; temos desgaste em vista... parabéns... 'Poetas, pra que te quero'... forte abraço...
Amigo Chico, o vírus que ataca o mundo encontrou no Brasil um forte concorrente... São pragas, frutos da má ação e da má escolha humana...
Abraço
Triste realidade, um amor egocêntrico... Divinamente escrito, como sempre. Abraço,
Obrigado, Mari!
Grande abraço
Feliz em ler- te. Estava saudosa de seus escritos amigo poeta.
Some não....
Feliz semana.
Obrigado pela leitura e pelo comentário, Lucita!
Estarei mais presente.
Abraço
O poeta usando o dom para explicitar o que lhe incomoda e a esperança de dias melhores!
Gosto de ler- te, poeta Hébron, muito!
Estou aproveitando um pouco mais de tempo que tenho hoje para apreciar os escritos dos amigos.
Bom feriado pra ti, meu abraço
Edla, obrigado pela sua generosa consideração em suas visitas aos meus escritos.
Abraço!
Amigo das Geraes, poeta
Hebron, feliz quando podemos te ler.
Escreves como semprre a mesma maestria.
Abraço
Meu amigo, fico muito feliz com sua atenção e comentários.
É um incentivo.
Obrigado
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