DUAS HORAS NAQUELE INSTANTE
Na tarde de verão, lâmina ardente
cortou minha alma, em cena repetida;
teu gesto tolo, bruto, incoerente,
foi gatilho daquela despedida!
Mas o remorso, em voo persistente,
é sombra que destrói a própria vida;
por isso eu vago, errante e penitente,
neste abismo de Dante, sem guarida!
Meu rumo agora é névoa fria, escura,
e preso ao desencanto, que é tenaz,
vou caminhando, lento, agonizante...
Que te fiz, meu passaporte da paz?
Deixei-te ao vento — frágil, insegura...
Eram duas horas naquele instante...
Nelson de Medeiros
-
Autor:
Nelson de Medeiros (
Offline)
- Publicado: 16 de agosto de 2025 11:53
- Categoria: Amor
- Visualizações: 6
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.