QUEM SOMOS?

Nelson de Medeiros

Quando atingimos a fronteira do bom senso;

quando a nossa inteligência, comum, desperta

e, percebe que a vida não é só oferta

de indisciplina, de gozo e de contrassenso;

 

quando começamos a sentir o descenso

dos sentimentos que o coração nos alerta

e, o corpo, que não pensa, e que tudo acoberta,

 a nossa! Alma, se enche dum vazio imenso!

 

E a dúvida, surgindo em mórbida premissa,

se assenhora da mente, cansada e enfermiça,

e a deixa prostrada entre abalos e reclamos!

 

É quando, então, já de tudo desencantados,

nós nos questionamos, quais párias dementados:

-Quem somos?  Donde viemos? Prá onde vamos?

 

20/07/2016

Nelson de Medeiros

 

Comentários +

Comentários5

  • Hébron

    As certezas e as inúmeras incertezas sobre nossa existência são estímulos para muitos versos, tema que gosto muito.
    Belíssimo soneto, meu caro poeta
    Forte abraço

  • Lilian Fátima

    Nelson, seu texto é impecável. Eu desisti de aprender a escrever desse jeito, com figuras de linguagem e lirismo, mas muito admiro. Parabéns

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    É uma viagem que temos que fazer do antes, durante e depois sabendo que tudo tem um começo, um meio e um fim, acreditando que estamos em uma grande escola da vida e todos os dias aprendemos um com o outro e se formos bons alunos bons resultados obtiveremos. Muito bom o tema abordado. Parabéns poeta. Boa noite.

  • Sezar Kosta

    Que poema profundo e reflexivo!

    Você conseguiu capturar com perfeição aquele momento em que a vida nos desafia a questionar tudo, quando atingimos a fronteira entre o bom senso e o caos interior. A forma como descreve o despertar da inteligência comum, percebendo que a vida não é apenas feita de prazeres efêmeros e contrassensos, nos faz refletir sobre a fragilidade da existência e as consequências das escolhas que fazemos.

    O vazio da alma, quando os sentimentos começam a perder o rumo, é descrito de maneira intensa e comovente. O corpo que acoberta as falhas, enquanto a mente adoece de dúvidas, é uma imagem poderosa que nos faz sentir o peso do desencanto. E então, ao chegar no final, você nos conduz às perguntas existenciais mais antigas e universais: "Quem somos? Donde viemos? Para onde vamos?"

    Seu poema, com sua cadência melancólica e filosófica, toca profundamente o leitor, convidando a uma introspecção sobre a nossa trajetória e as respostas que, por vezes, parecem escapar de nós.

    Parabéns por mais uma obra de arte que ecoa no coração e na mente!

    Um abraço cheio de questionamentos e reflexões!

  • Maximiliano Skol

    Mais um belo e reflexivo soneto, meu prezado Nelson.
    Um fraternal abraço



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