NAQUELA TARDE

Sezar Kosta

Naquela tarde,

você encontrou um banco,

em um parque, quando quase cochilava.

O céu, uma aquarela de laranja e rosa,

sussurrava ao vento: "pare um instante".

E você parou.

 

Crianças corriam,

mas o que realmente corria era o tempo.

Um menino, em sua alegria sem freio,

perseguia um pombo,

rindo com a pureza que só os pequenos conhecem.

E, por um segundo, você lembrou:

o que é simples também transborda.

 

Uma senhora,

cabelos de prata que o outono invejava,

sentou-se ao seu lado.

Ela não era uma estranha, não naquele momento.

Com um olhar que conhecia o ritmo das estações,

ela falou de folhas que caíam,

sem pressa, como se dançassem.

Cada folha um adeus,

mas também um renascer.

E você ouviu,

como se aquelas palavras fossem ditas para sua alma:

"Às vezes, é preciso soltar,

deixar que a vida siga seu curso."

 

O crepúsculo,

que antes era cor,

agora se vestia de noite.

Mas a escuridão não assustava,

ela abraçava.

Você respirou fundo,

como se o ar daquele instante fosse diferente,

mais leve, mais sereno.

Era o momento de absorver,

de escutar o silêncio

e todas as respostas que ele traz.

 

Ao se levantar,

algo em você também se levantou.

Não era apenas o corpo,

era o espírito que agora compreendia:

mesmo em meio à pressa,

há sempre um canto,

um banco esquecido,

onde a quietude ainda canta

e nos lembra que viver é mais

do que correr.

 

E você sorriu,

pois naquele pequeno espaço de tempo,

a vida se mostrou inteira.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de setembro de 2024 16:15
  • Comentário do autor sobre o poema: Oi, pessoal! Hoje, vou compartilhar um pedacinho da minha busca por tranquilidade em meio ao turbilhão da vida moderna. Você já parou para pensar que, às vezes, a correria é como tentar dançar uma valsa em uma montanha-russa? Foi essa inspiração que me fez refletir sobre como desacelerar é quase uma arte em um mundo que parece acelerar a cada dia. Cada momento é uma pérola que, se não olharmos com atenção, pode se perder no mar da pressa. E aí, que tal deixar um comentário e me contar como você também busca essa serenidade? Estou curioso para saber!
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 24
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Melancolia...
Comentários +

Comentários4

  • Melancolia...

    Você sempre consegue me impressionar com teus escritos...
    Parabéns por mais uma obra-prima....

    Abraços

    • Sezar Kosta

      Caro amigo e irmão em letras e mestre das palavras,
      Sua leitura e comentário me deixaram mais leve que uma pluma flutuando no ar! Agradeço por sua gentileza ao destacar meu poema; é como se você tivesse trazido um pouco de tranquilidade ao tumulto da vida moderna. Que possamos sempre lembrar de parar, respirar e saborear cada momento, como quem aprecia um bom café em uma tarde ensolarada.

    • Lilian Fátima

      Concordo com Melancolia, você sempre impressiona os leitores. A vida nos leva a situações diversas, controversas e polêmicas e ficamos afoitos nesse mundo de ação e celeridade, deixando passar batido pequenos gestos, palavras afáveis, cenas memoráveis e vários eventos que não são grandiosos em tamanho e repercussão, mas tem efeito direto no coração, pois são autênticos, ditosos e poéticos. Parabéns

      • Sezar Kosta

        Agradeço de coração por ter mergulhado nas entrelinhas do meu poema. Sua gentileza em elogiar é como um raio de sol que atravessa as nuvens da pressa cotidiana, lembrando-nos que desacelerar é um ato de coragem. Que a sua leitura seja um convite à serenidade, assim como foi para mim ao escrever! Que possamos juntos valorizar cada instante, como se fossem pétalas de flores a se abrir em nosso caminho.

      • Ema Machado

        Que lindo! Parabéns!

        • Sezar Kosta

          Obrigado por compartilhar essa experiência comigo!

        • Elfrans Silva

          "Há sempre um canto, há sempre um banco
          Onde a quietude ainda nos canta"
          Lugares esses por nós esquecidos
          E os sentimentos, adormecidos
          Sacodem a razão dos nossos sentidos
          Dão paz ao imberbe e ao velho que pranta
                   (elfrans silva)
          Você me inspira rsrs. Mais um gancho pra variar.
          Adorável poema reflexivo, caro amigo. Meu abraço poético

          • Sezar Kosta

            Seu comentário sobre meu poema foi como um sopro de ar fresco em meio à correria do dia a dia. Agradeço sinceramente por suas palavras carinhosas, que me lembram que, mesmo em tempos agitados, sempre há espaço para a reflexão. Que possamos, juntos, continuar buscando a calma nas pequenas coisas e transformar cada segundo em um tesouro a ser guardado!



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