Naquela tarde,
você encontrou um banco,
em um parque, quando quase cochilava.
O céu, uma aquarela de laranja e rosa,
sussurrava ao vento: \"pare um instante\".
E você parou.
Crianças corriam,
mas o que realmente corria era o tempo.
Um menino, em sua alegria sem freio,
perseguia um pombo,
rindo com a pureza que só os pequenos conhecem.
E, por um segundo, você lembrou:
o que é simples também transborda.
Uma senhora,
cabelos de prata que o outono invejava,
sentou-se ao seu lado.
Ela não era uma estranha, não naquele momento.
Com um olhar que conhecia o ritmo das estações,
ela falou de folhas que caíam,
sem pressa, como se dançassem.
Cada folha um adeus,
mas também um renascer.
E você ouviu,
como se aquelas palavras fossem ditas para sua alma:
\"Às vezes, é preciso soltar,
deixar que a vida siga seu curso.\"
O crepúsculo,
que antes era cor,
agora se vestia de noite.
Mas a escuridão não assustava,
ela abraçava.
Você respirou fundo,
como se o ar daquele instante fosse diferente,
mais leve, mais sereno.
Era o momento de absorver,
de escutar o silêncio
e todas as respostas que ele traz.
Ao se levantar,
algo em você também se levantou.
Não era apenas o corpo,
era o espírito que agora compreendia:
mesmo em meio à pressa,
há sempre um canto,
um banco esquecido,
onde a quietude ainda canta
e nos lembra que viver é mais
do que correr.
E você sorriu,
pois naquele pequeno espaço de tempo,
a vida se mostrou inteira.