Tenho por ela uma paixão, um devaneio,
que inteiramente me domina o raciocínio;
e, na esperança de perder este fascínio,
já fiz de tudo e já usei de todo meio!
Mas, pior é que trago comigo o receio
de perder meu controle, perder meu domínio;
o medo é que ela tenha total predomínio
sobre Minh! Alma, já cativa deste enleio!
Desta atração, deste desejo, não me ufano
e, então, pergunto quem, de fato, é o culpado
por esta insânia que ao juízo desacata:
-Se a natureza, que permite o amor mundano,
ou se o poeta, que iludido e obcecado,
por gosto, não se afasta deste amor primata!
- Autor: Nelson de Medeiros ( Offline)
- Publicado: 18 de setembro de 2024 10:34
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 39
- Usuários favoritos deste poema: Maria dorta
Comentários6
Não se pode deixar levar por um Amor encantado sem sentimentos, apenas um canto da sereia. Bem abordado o tema. Parabéns poeta.
Bom dia, poetisa do amor. Sempre bom ler teus comentários. Obrigado mesmo! 1 ab
Ah, que soneto cheio de intensidade e conflito! A sensação que você passa é de uma paixão avassaladora, daquelas que arrastam o ser por completo e, ao mesmo tempo, nos fazem questionar a própria sanidade. É como se o amor fosse um furacão interno, que ao mesmo tempo em que fascina, também amedronta.
O jogo entre o raciocínio e a emoção é maravilhoso aqui – o eu lírico tenta se desvencilhar dessa paixão, mas, por mais que lute, parece que a atração é mais forte, quase irresistível. E o que dizer dessa dúvida final? Culpar a natureza ou a poesia por essa "insânia" amorosa é uma ideia brilhante, com um toque de ironia, que revela como somos, muitas vezes, vítimas dos nossos próprios sentimentos.
A métrica e a cadência do soneto estão perfeitas, trazendo musicalidade à leitura. Cada verso carrega uma tensão que cresce até o último terceto, quando o eu lírico finalmente se rende à incerteza do culpado: a própria natureza humana ou a arte de poetizar? Um dilema que, afinal, talvez não precise de resposta, já que, como bons poetas, somos todos um pouco cativos desse amor "primata", instintivo, que nos domina e inspira.
Parabéns pelo primor! O soneto é uma verdadeira obra de arte, com uma profundidade que nos faz refletir sobre as forças que movem o amor e a criação poética. Que essa paixão continue a inspirar suas palavras e a tocar quem as lê!
Bom dia, poeta. Teus comentários são obras de conhecimento da arte de poetizar. Obrigado, meu amigo. Grande abraço
Os amores e suas intensidades , parabéns Poeta.
Mas, não seria melhor a rir as co.portas e desvelar a amada tudo que te vai na alma? ! Ou você prefere a sofrência?! Bom te ler novamente,meu guru!
Olá, poetisa. Grande pergunta, rs., a paixão tolda tanto a mente do individuo que, às vezes, jamais poderá distinguir uma coisa da outra. 1 ab
Sua poesia é sempre muito apreciável, impecável e notável. Lendo e relendo de coração.
Caro poeta Nelson de Medeiros é sempre um prazer ler-te.
Boa noite!
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