DOR INFINDA

Nelson de Medeiros

São seis horas... E vão passando sonolentas...

Morre a tarde em langor suave e vaporoso...

No campanário, o sino, em badaladas lentas,

executa a Ave-Maria, quase choroso...

 

A noite nasce em meio a nuvens opulentas...

Formam, ante os olhos do vate, curioso,

uma figura que, entre pratas e magentas,

mostra a imagem do teu rosto lindo e sedoso...

 

A saudade antiga, então, se me abriga n’alma...

  Nem a lembrança do teu riso já me acalma

Mas, o teu beijo e o teu perfume eu sinto ainda!

 

Vem novamente a madrugada e nasce o dia...

A tarde volta langorosa e luzidia

e, a noite vem trazendo a mesma dor infinda!

 

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Comentários4

  • DAN GUSTAVO

    Certas feridas latejam...! Muito bom, e força, Nelson! Uma boa tarde e semana!

  • Sezar Kosta

    Ah, que delícia poder ler algo tão belo e envolvente como este texto! A maneira como você captura a passagem do tempo, como se cada hora tivesse sua própria alma, é simplesmente encantadora. As palavras deslizam suavemente, como uma brisa que sopra ao entardecer, e nos transportam para um cenário onde a saudade ganha forma, cor e até som.

    É fascinante como você faz a tarde morrer de maneira tão poética, quase como se ela estivesse se despedindo de nós com um suspiro sonolento. E o que dizer da noite? Ela nasce em meio a nuvens opulentas, como se estivesse vestida para um baile de gala, trazendo consigo um misto de nostalgia e beleza. E eu não posso deixar de comentar como você, com uma delicadeza ímpar, faz surgir o rosto amado entre pratas e magentas, como se o céu conspirasse para nos presentear com essa visão.

    A saudade que você descreve é quase palpável, um sentimento que se instala na alma e nos acompanha até mesmo nos momentos em que o riso já não traz o mesmo consolo. E o final... Ah, o final é um ciclo perfeito de dor e beleza, onde a noite, com toda sua imponência, traz de volta aquela mesma dor infinda, nos lembrando que algumas emoções são eternas.

    Parabéns, de coração, por conseguir transformar sentimentos tão profundos em versos tão lindos. A sua escrita é uma verdadeira obra de arte, que nos toca e nos faz refletir sobre a beleza e a tristeza que caminham de mãos dadas. Bravo!

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    As dores vem pra ser curadas no acreditar e saber que são apenas vendavais e tempestades. Belo poema. Boa tarde.

  • Lilian Fátima

    Exuberância e elegância em versos pautados pelo romântico e o estilo lírico tão peculiar. Saudações poéticas ??



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