Cecilia

SERVIDÃO

            SERVIDÃO

 

Matei, a frio

com calma e premeditação.

Cortei pelas juntas,

descarnei com minúcias

de açougueiro.

Cavei fundo, cobri com terra,

folhas, paus e grandes pedras.

Enterrei esse amor

no passado.

 

Logo mais, no futuro,

erguerei os ombros,

sairei para a luz.

 

Agora, no presente,

não foi preciso mais

que a pesada cadência

de passos na escada,

para esparramar terra,

folhas, paus e pedras,

colar ossos, juntar carnes.

Recompor, mais uma vez,

as algemas da servidão.

 

  • Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de Julho de 2020 09:43
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 23

Comentários6

  • SANTO VANDINHO

    Crus Credo ! Lindo Reflexivo e aterrorizante poesia rsrsrsr ! "Servidão, não serve de jeito nenhum a não ser essa prisão Universal que precisamos Servir para não deixar de existir. Mesmo assim traquinando por debaixo do pano" rsrsrsr Paz e Bem linda Poetisa ! Beijussssss

    • Cecilia

      OBRIGADA, vANDINHO. Meua queridos amigos me apoiam até quando revelo as minhas piores covardias! Obrigada.

    • Nelson de Medeiros

      Bravo, poeta. Vc é grande em seus versos, viu?
      Bom te ler.

      1 ab

      • Cecilia

        Muito obrigada. Seu apoio é muito valioso para mim.

      • Ana Carmo

        Uau!!! Forte e intenso!!!
        Parabéns poetisa Cecília!

        • Cecilia

          Muito obrigada, Ana Carmo. Seu apoio me incentiva muito

        • Hébron

          Poema que envolve e de certa forma perturba... Traz uma ideia de impulsividade e medo da liberdade, na minha percepção.
          Muito bom!
          Abraço

          • Cecilia

            SIM, MEDO MESMO, COVARDIA CONFESSA. Obrigada por me animarem mesmo assim

          • Chico Lino

            Lindo, Cecilia. Adorei a disposição, passado, futuro, presente; a crueza da servidão voluntária, que descarna, que torna em picadinho quem a ela se submete. Belíssima construção...

          • Cecilia

            Obrigada, minha submissão sem grandeza ainda me rendeu o incentivo de meus queridos amigos. Obrigada.



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