Cecilia

SERVIDÃO

            SERVIDÃO

 

Matei, a frio

com calma e premeditação.

Cortei pelas juntas,

descarnei com minúcias

de açougueiro.

Cavei fundo, cobri com terra,

folhas, paus e grandes pedras.

Enterrei esse amor

no passado.

 

Logo mais, no futuro,

erguerei os ombros,

sairei para a luz.

 

Agora, no presente,

não foi preciso mais

que a pesada cadência

de passos na escada,

para esparramar terra,

folhas, paus e pedras,

colar ossos, juntar carnes.

Recompor, mais uma vez,

as algemas da servidão.