SERVIDÃO
Matei, a frio
com calma e premeditação.
Cortei pelas juntas,
descarnei com minúcias
de açougueiro.
Cavei fundo, cobri com terra,
folhas, paus e grandes pedras.
Enterrei esse amor
no passado.
Logo mais, no futuro,
erguerei os ombros,
sairei para a luz.
Agora, no presente,
não foi preciso mais
que a pesada cadência
de passos na escada,
para esparramar terra,
folhas, paus e pedras,
colar ossos, juntar carnes.
Recompor, mais uma vez,
as algemas da servidão.