As Carcaças

Levy

Como abutres levantando voo em uma noite seca de outono, 

Plano sob almas quentes a caminho dos seus táteis céus,

Fisgando em minha retina correntes, dois pedaços de couro e um fino papel, 

Vasculho carcaças carentes de putridos poetas assassinados em um bordel,

Dupla de vaqueiros loucos cantando seus sufocos pro público inteiramente ausente.

Copos e maços, cicatrizes da vida calejam até os mais valentes,

O show onipresente de um só espectador, tosse sangue ao cantar com fulgor, 

Não é difícil pensar em quantas vidas e antes bem vindas críticas a entropia levou. 

"se nada muda no nó da corda, e a vida tanto te incomoda, por que não pulas da longa borda?"

Indagou o velho abutre a luz da lua, 

"De carcaças tento me engordar para que minhas ocas asas cessem de voar. Sigo só a ponderar, pois apenas o fio da foice minhas penas irão tocar..."

  • Autor: Levy (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de julho de 2020 05:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Um pequeno conto...
  • Categoria: Fábula
  • Visualizações: 10
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