Cecilia

MEU RIO

 Para J. Abílio Silveira Cosentino

Meu rio é o Piracicaba.

               Ele corre preguiçoso, suas águas são sempre novas, sempre outras, renovadas. Mas o rio é eternamente o mesmo. Permanecem a suave curva, ao longe, as margens fundas que a enchente vence, e cobre, as pedras negras do salto, que a piracema enfrenta, e sobe, a pitoresca Rua do Porto, cuja imagem, em preciosa aquarela de, conservo na cabeceira da cama.

                Coração nas mãos, visito o rio. Quero matar saudades e atualizar minhas melhores lembranças.

                Na sombra da margem esquerda meu avô pesca os lambarizinhos que prepararei para o jantar

Do alto trampolim do Regaras, meu pai calcula o espetacular salto de anjo, terminado em mergulho impecável.

                 Costeando habilmente a margem direita, meu irmão Abílio vencen ovamente a competição de botes a motor.

                Uma iole voa, mal toando a água. Quem rema é J . Nobre, grande amor da minha juventude

A água crespa é sempre outra, o rio é sempre o mesmo. E é meu.

  • Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 31 de Janeiro de 2023 13:45
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 20
  • Usuário favorito deste poema: Elfrans Silva.

Comentários3

  • Hébron

    As águas desse rio tem sabor de nostalgia...
    Abraço, poetisa

  • Ema Machado

    Um rio, uma história! Parabéns pela docilidade. Abraço

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...eita!...que nostalgia mais bonita, sô!...um escrito até que bem sucinto frente à grandeza do que transmite...,...muito agradável leitura... / Meu carinho.



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