Para J. Abílio Silveira Cosentino
Meu rio é o Piracicaba.
Ele corre preguiçoso, suas águas são sempre novas, sempre outras, renovadas. Mas o rio é eternamente o mesmo. Permanecem a suave curva, ao longe, as margens fundas que a enchente vence, e cobre, as pedras negras do salto, que a piracema enfrenta, e sobe, a pitoresca Rua do Porto, cuja imagem, em preciosa aquarela de, conservo na cabeceira da cama.
Coração nas mãos, visito o rio. Quero matar saudades e atualizar minhas melhores lembranças.
Na sombra da margem esquerda meu avô pesca os lambarizinhos que prepararei para o jantar
Do alto trampolim do Regaras, meu pai calcula o espetacular salto de anjo, terminado em mergulho impecável.
Costeando habilmente a margem direita, meu irmão Abílio vencen ovamente a competição de botes a motor.
Uma iole voa, mal toando a água. Quem rema é J . Nobre, grande amor da minha juventude
A água crespa é sempre outra, o rio é sempre o mesmo. E é meu.