Cecilia

OFERENDA

 

Nos ventos de agosto

os meninos empinam papagaios

de caprichados desenhos

e longas rabiolas.

 

A delicada estrutura colorida

enfrenta o largo espaço,

mas dura pouco,

não mais que um vôo.

 

Mesmo assim, os garotos investem

moedas, engenho e tempo

no presente que oferecem aos céus

na manhã de domingo.

 

É uma festa, no campo aberto.

Com o impulso da corrida

as pipas se levantam,

ganham altura e linha,

planam, dançam e disputam.

 

Podem cair logo, voar horas,

mas antes do fim do dia são vencidas

por descuido ou acaso.

Pela imperíciade um menino,

ou a maldade de outro.

 

Às vêzes, de repente,

acontece o inefável:

uma pandorga ganha força,

rompe a linha, arrebatada pelo céu.

 

Oferenda,

sobe, sobe, sobe,

até sumir no infinito,

onde nosso olhar não chega.

 

Mas onde chegam

o rumor das preces...

O eco dos salmos...

A fumaça dos sacrifícios...

  • Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de Junho de 2020 09:10
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 18

Comentários5

  • Nelson de Medeiros

    L i n d a a tua mensage,m.
    Foi aos céus dos infinitos...

    1 ab

    • Cecilia

      Obrigada, Nelson. Moro em Olímpia, cidade onde se valoriza o folclore.
      Vez por outra um folguedo, uma lenda, um costume, me atraem.

    • SANTO VANDINHO

      Reflexiva Poesia e Bota Reflexiva nisso ! "Empinar pipa é uma brincadeira muito divertida, mas perigosa quando passam vidro moído na linha, pois mata ou danifica outrem" Paz e bem Poetisa ! Beijusssss

      • Cecilia

        Obrigada, Vandinho. empinar pipa, no meu tempo, era inocente

      • Crica Marques

        Delícia de poema. Obrigada por compartilhar. Abç

        • Cecilia

          Obrigada, Crica. A sua atenção me deixa muito feliz.

        • Avelino

          Muito bom. Gostei.

          • Cecilia

            Muito obrigada, Avelino

          • tais Aparecida Gonçalves Freitas

            Muito lindo

            • Cecilia

              Muito obrigada, Taís.



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