Nos ventos de agosto
os meninos empinam papagaios
de caprichados desenhos
e longas rabiolas.
A delicada estrutura colorida
enfrenta o largo espaço,
mas dura pouco,
não mais que um vôo.
Mesmo assim, os garotos investem
moedas, engenho e tempo
no presente que oferecem aos céus
na manhã de domingo.
É uma festa, no campo aberto.
Com o impulso da corrida
as pipas se levantam,
ganham altura e linha,
planam, dançam e disputam.
Podem cair logo, voar horas,
mas antes do fim do dia são vencidas
por descuido ou acaso.
Pela imperíciade um menino,
ou a maldade de outro.
Às vêzes, de repente,
acontece o inefável:
uma pandorga ganha força,
rompe a linha, arrebatada pelo céu.
Oferenda,
sobe, sobe, sobe,
até sumir no infinito,
onde nosso olhar não chega.
Mas onde chegam
o rumor das preces...
O eco dos salmos...
A fumaça dos sacrifícios...