Cecilia

FIM DE OUTONO

Conforme a perfeita

lei da natureza,

fruta não estraga no pé.

 

Completa a maturação,

plenos a forma, a cor,

o perfume e a doçura,

a fruta se solta do galho

e apodrece no solo,

entre vermes e insetos.

 

Madura, cumpri meu ciclo.

O espírito, inquieto, continua

preso aos encantos do mundo.

O coração, amante, permanece

atado a doces laços.

 

Mas o velho corpo já invoca

a sábia lei da deiscência

e se curva para o chão.

 

 

 

 

  • Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de Junho de 2020 06:29
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 19

Comentários7

  • Cecilia

  • Nelson de Medeiros

    Cecilia, Cecilia, que exuberante poema que se fecha brilhantemente com o último terceto.

    Parabens, menina.

  • Cecilia

    Muito obrigada, Nelson! Você não acreditaria no bem que me fazem seus comentários. Abraço

  • Manoela

    Cecília, amei a analogia dos frutos caindo com o corpo que, ao envelhecer, se encurva em direção ao chão. Lindo e profundo!

  • Cecilia

    Muito obrigada, Manoela

  • Maria Vanda Medeiros de Araujo

    Que analogia mais perfeita, Cecília. lindo!

  • Maria Lucia

    Drummond já disse que o Outono é a estação da alma, e seu poema confirma o que disse o poeta.
    A poesia emana dos versos, docemente, Cecília. Dá pra ver. Parabéns . Beijinhos de Luz



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