QUANDO DER E PUDER

Claudio Reis

Assim que der e puder
Quero descalço pisar a terra úmida 
Sob o sol sentir o sal do suor na pele
O colorido das flores dilatando as pupilas
Correr de contra ao vento pra tentar voar
Da doçura do mel, corpo e alma alimentar
Em qualquer lugar estar esperando a noite
Ver surgir no azul escuro o brilho das estrelas
Minguante ou cheia, a luz do luar contemplar

Mesmo que seja longe, ir beber água na bica 
Na capela do povoado com fé fazer oração 
Sentar no chão de frente à casa do caboclo
Escutar seus causos raros pra sentir emoção 
Admirar a moça cheirosa e suas belas tranças 
Até mesmo fazer-lhes uns versos carinhosos
Agradar o gato, o cachorro magro animado
Ser premiado com o belo sorriso das crianças 

Quando der e puder
Quero voltar pra dentro de mim mesmo
Redescobrir os reais valores contidos no Sêr
Nutrir, resgatar a criança, fazê-la de novo viver
Sair da mesmice ilusória de tempos modernos
Retirar o invólucro plástico da vida sem temer
Como disse o poeta n'um momento de lucidez:
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz"
"Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples."

Cláudio Reis 

  • Autor: Claudio Reis (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de janeiro de 2022 16:38
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 24
Comentários +

Comentários3

  • Claudio Reis

    Simplesmente perfeito o seu comentário poetisa!
    Abraços.

  • Maria dorta

    Já estás com os pés bem enraizados neste país encantado da simplicidade,da raiz de vida,nossa evolução nos ensina que se anda em direção a ascenção e ela começa ...pelo pé no chão! Chapéu!

    • Claudio Reis

      Pareço escrever para auto-interpretar-me por sua interpretação da leitura!
      Seu comentário elucida o poema, cara amiga!
      Abraços.

    • Claudia Casagrande

      Nada é mais gostoso que o simples.
      Lindo seu poema!
      um grande abraço e um excelente dia

      • Claudio Reis

        Quanto mais simples melhor, não é amiga?
        Sempre bem vinda poetisa querida!
        Siga feliz, abraço.



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