Quando eu estiver partindo
tirem-me os anéis de ouro.
pesa-me tanto esse lastro!
Descalcem-me as sandálias.
Pés nus caminham ligeiros
por sobre as águas claras.
De bagagem, levo apenas,
entrançados nos cabelos
alguns instantes perfeitos.
Agasalhos, não preciso.
Basta-me lenço, ou um gesto,
para desfraldar o adeus.
Leve...Leve...Uma aragem
de rosas perfumará os lençóis
e me abrirá as cortinas.
E, quando soarem, longe,
risos e sinos de cristal,
já estarei na outra margem.
- Autor: Cecília Cosentino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 24 de maio de 2020 12:30
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 41
- Usuários favoritos deste poema: Jakeline Isabel
Comentários5
Lindo Cecilia. Que leveza de alma. Parabéns...
muito obrigada pela atenção, Maria Vanda!
Cecília
Que lindo seu poema, me emocionou! Parabéns!
Muito obrigada, Jakeline! Emoção dobrada , aos 83, ser apreciada por quem, ainda jovem, escreve tão bem. Li toda sua página, gostei muito do AMOR A CADA OLHAR
Eu que te agradeço Cecília, obrigada pelo carinho.
Parabens! teu poema e de uma sensibilidade impressionante.
Lindo o terceto final.
1 ab
Nelson, agradeço seu comentário. Será um abuso contar a gênese do poema? Assisti a um filme japonês, A PARTIDA, que recomendo. Tentei escrever, sobre o mesmo assunto, um texto igualmente delicado. Fui à sua página e me encantei com A ESPERANÇA. Mais que a forma difícil de soneto, que a riqueza do vocabuláro, impressionou-me ovigor dessa esperança de outono.
Parabéns!
Cecília, queria aprender contigo, Que sou mais jovem, a domar meu niilismo e me tornar mais leve. Tua leveza impressiona.
Andreilew. Agradeço de coração sua mensagem. Tenho 83. Esse caminho ensina, mas não de graça. Tudo é lição, você aproveita cada passo. Abraço.
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