ADEUS, PRETINHA
É normal proceder assim
Com todas as criaturas
Começo, meio e fim;
A origem é a mesma estrutura
Que foi pra você, foi pra mim
Do embrião à vida madura
Órfã, quando ainda pequena,
Sózinho também me encontrei
Iguais nos nossos dilemas
Amparos alheios, achei
Tu não merecia as penas
Se eu já merecia, não sei
O nome que te foi escolhido:
É um substantivo: "pretinha)
Por teu pelo enegrecido
E branco nas quatro patinhas
Também tive meu apelido
"Lico", (um botijão de cozinha)
Crianças brincavam comigo
Fizeram feliz minha infância
Em casa eu brincava contigo
Nós dois, parecendo crianças
Me senti ser teu grande amigo
Tu amiga, em consonância
Doenças são as fatalidades
Se morre ou se cura em vacina
A morte não respeita idades
Te levou hoje, ainda menina
Tive um pé na eternidade
Porém, Deus me deu outra sina
Não fui no sepultamento
Nem vi a injeção que tomara
Lembro somente o momento
Da última vez que me olhara
No escuro estacionamento
Onde o meu carro ficara
A sua coberta, enrolada,
Não pode cobrir-te na morte
Na terra fria, jaz sepultada
Lembranças que me confortem
Não sou pessoa acovardada
Reconheço também, não ser forte
A água está na vasilha
No outro pote a ração
Um reflete o céu que não brilha
Do outro fiz comparação:
Como fosse alguém da família
Faltando à mesa da refeição
- Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 8 de novembro de 2021 16:49
- Comentário do autor sobre o poema: Preta, ou Pretinha; foi abandonada pequenininha no portão de casa. A foto anexa ao poema é da tarde em que a levamos ao veterinário e diagnosticaram sintomas de algumas possiveis doenças. Um breve tratamento mas sem que houvesse melhoras. Houve a necessidade de Eutanásia, infelizmente. Geralmente à via no portão, quando eu chegava do serviço. Que triste partida!!!
- Categoria: Triste
- Visualizações: 65
Comentários4
Boa noite poeta.
Excelente, como sempre, aliás.
1 ab
Bom dia, poeta amigo. Maringá está um dia de muito sol. Grato por sua apreciação ao meu poema. Forte abraço poético
tão triste e tão lindo...
bela e emocionada homenagem a pretinha
grande abraço
Bom dia, poetisa Cláudia. Como é difícil escrever um assunto desse, principalmente quando a gente mesmo está vivendo. Ótima terça-feira pra vc. Paz e bem
Compartilho com você, prezado Elfrans, tal sentimento de perda. Tive dois cachorros de estimação que me trouxeram lágrimas quando se foram: um por envenenamento acidental, outro por eutanásia.Seu poema, com a sua privilegiada lavra, é uma pungente e linda homenagem à Pretinha.
Um abração.
Poeta Maximiliano, também lamento a sua perda, amigo. Incrível como nos apegamos à eles. A médica veterinária disse que o único defeito desses animais é não saber falar. Ela tem razão. Porém é impressionante como acabamos nos entendendo com eles. Agradeço seu compartilhamento por nossa perda. Um forte abraço e desejo tudo de bom pra sua vida. Boa noite de paz e saúde.
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