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Elfrans Silva

ADEUS, PRETINHA

ADEUS, PRETINHA

 

É normal proceder assim 
Com todas as criaturas 
Começo, meio e fim;
A origem é a mesma estrutura
Que foi pra você, foi pra mim
Do embrião à vida madura


Órfã, quando ainda pequena,
Sózinho também me encontrei
Iguais nos nossos dilemas
Amparos alheios, achei
Tu não merecia as penas
Se eu já merecia, não sei


O nome  que te foi escolhido:
É um substantivo: \"pretinha)
Por teu pelo enegrecido
E branco nas quatro patinhas
Também tive meu apelido
\"Lico\", (um botijão de cozinha)


Crianças brincavam comigo 
Fizeram feliz minha infância 
Em casa eu brincava contigo
Nós dois, parecendo crianças 
Me senti ser teu grande amigo
Tu amiga, em consonância 


Doenças são as fatalidades
Se morre ou se cura em vacina
A morte não respeita idades
Te levou hoje, ainda menina
Tive um pé na eternidade
Porém, Deus me deu outra sina


Não fui no sepultamento 
Nem vi a injeção que tomara
Lembro somente o momento
Da última vez que me olhara
No escuro estacionamento 
Onde o meu carro ficara

 

A sua coberta, enrolada,
Não pode cobrir-te na morte
Na terra fria, jaz sepultada 
Lembranças que me confortem
Não sou pessoa acovardada
Reconheço também, não ser forte


A água está na vasilha 
No outro pote a ração 
Um reflete o céu que não brilha
Do outro fiz comparação: 
Como fosse alguém da família 
Faltando à mesa da refeição