Nau do absurdo

Helio Valim

 

A nau malconduzida

singra errática, os mares

da verdade perdida

sob desvairados olhares.

 

Nesse oceano de enganos,

atingida por “iceberg” previsto,

naufragará coberta de prantos.

Tudo a olhos vistos...

 

O capitão insiste em rumar,

sem um norte a buscar,

no sentido do caos total

Ignorando o destino fatal.

 

A guarnição entorpecida

pela  verve enlouquecida

de tal insano, deixa-se guiar,

à mercê, até a borda do mar.

 

No fim dessa lunática jornada

encontrará verdades impensadas:

a Terra, incrivelmente, não é plana

e a tripulação precisa ser imunizada!

  • Autor: Helio Valim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de março de 2021 22:53
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 16
Comentários +

Comentários4

  • Hébron

    Uma poesia da atualidade com requintada metáfora.
    O capitão perdido ainda se deixa levar por ventos escusos, os mesmos que lhe impulsionaram ao alto mar, e tentando talvez se redirecionar para o rumo da sua única certeza... o iceberg!
    A terra não é plana, mas a nau segue ao abismo...
    Abraço, Helio

    • Helio Valim

      Obrigado, Hébron seu comentário, também em bela metáfora, resume de forma precisa a crítica do poema à atual realidade. Um abraço.

    • CORASSIS

      A nau é mal conduzida , por alguns lideres
      não comprometidos com a fragilidade do próximo!
      Poema grande de um poeta de mesmo valor!
      abraço.

      • Helio Valim

        Obrigado, Corassis pelo comentário gentil. Concordo com você: "lideres não comprometidos com a fragilidade do próximo", um absurdo! A poesia pode e deve ser instrumento de crítica. Um abraço.

      • Claudia Casagrande

        Verdade, Corassis...
        Grandes poema, poeta e valor.
        abraço

        • Helio Valim

          Olá, Claudia. Muito obrigado pelo carinho. Comentários vindos de poetas incríveis, como vocês, estimulam e valorizam a minha poesia. Um grande abraço, minha amiga poeta.

        • Eras

          Bela representação da nossa triste realidade nesse poema.
          Muito bom, poeta.

          • Helio Valim

            Obrigado, Eras. Como falei na resposta ao comentário do Corassis: A poesia pode, também, ser instrumento de crítica à essa realidade distópica que vivemos. Um abraço.



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