Não estaria o homem
tão oprimido,
tão apequenado,
comparado à sua obra?
Poderia sonhar a liberdade,
estando acorrentado
a seus monumentos,
seus marcos e marcas?
Essas crias magníficas
crescem, desordenadamente,
devorando o céu, a vida idílica
o homem e a sua mente.
Não há limite para a ganância,
para essa especulativa ânsia.
Não há limite para essa loucura,
que o obriga à amargura.
Sem nenhuma alternativa,
busca amenizar a existência cativa,
disfarçando suas torres de metal,
cobrindo-as com brilho artificial.
Reprimindo emoções,
nesses estranhos monumentos
de vidro, aço e ilusões,
tenta aplacar seu sofrimento.
Acreditando apagar da memória
sua miserável vida inglória,
busca fugir da realidade
perdendo-se em insanas cidades.
- Autor: Helio Valim (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 6 de dezembro de 2020 21:56
- Comentário do autor sobre o poema: Concreto, aço e vidro elementos que delineiam a skyline, desenhada por monumentais estruturas onde pessoas amontoam-se, trabalham e vivem suas vidas em complexas rotinas codificadas em função dessas concentrações humanas. Desordenadamente essas estruturas pontiagudas, que ameaçam as nuvens com seus píncaros afiados, vão substituindo pequenas edificações seculares, acolhedoras, mas que não resistem e sucumbem à ganância de especuladores.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
Comentários1
Helio, sua escrita poética me levou a uma realidade inglória... Assim mesmo... Valeu a leitura e reflexão, obrigada pela partilha!
Obrigado Neiva Dirceu. Infelizmente, essa é a realidade nos grandes centros urbanos. Um abraço.
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