Helio Valim

Marcos e marcas

 

Não estaria o homem

tão oprimido,

tão apequenado,

comparado à sua obra?

 

Poderia sonhar a liberdade,

estando acorrentado

a seus monumentos,

seus marcos e marcas?

 

Essas crias magníficas

crescem, desordenadamente,

devorando o céu, a vida idílica

o homem e a sua mente.

 

Não há limite para a ganância,

para essa especulativa ânsia.

Não há limite para essa loucura,

que o obriga à amargura.

 

Sem nenhuma alternativa,

busca amenizar a existência cativa,

disfarçando suas torres de metal,

cobrindo-as com brilho artificial.

 

Reprimindo emoções,

nesses estranhos monumentos

de vidro, aço e ilusões,

tenta aplacar seu sofrimento.

 

Acreditando apagar da memória

sua miserável vida inglória,

busca fugir da realidade

perdendo-se em insanas cidades.