Pedro Trajano de Araujo

Chegará um tempo

Chega um tempo

Que não há mais tempo.

Tempo

De abraçar,

De beijar,

De perdoar,

De conquistar,

De reconquistar,

De visitar,

De presentear,

De ser o presente,

De estar presente,

De ir e depois voltar,

De telefonar,

Para a voz escutar,

De dizer muitas vezes: “eu te amo”

Não só em aniversário e fim de ano...

 

Chega um tempo

Que não há mais tempo

Fecha – se a cortina

Do grande teatro da vida

Quem amamos parte

E a gente fica

E ninguém explica

A dor que sufoca o peito

Pega-nos de um jeito

Que faz homem adulto chorar

Sobre caixão debruçar

Esposa querer morrer

Marido não se perdoar

Filhos sofrerem

Amigos se arrependerem

 

Então,

Enquanto houver tempo

Aproveite cada momento

Faça sempre mais:

Mais abraços,

Mais perdão,

Mais beijos.

Provoque mais situações

Para dizer eu te amo,

Para fazer mais visitas,

Para trocar mais sorrisos.

Surpreenda mais o cônjuge

Brinque mais com os filhos.

Com os pais mais atenção,

Para os amigos

Mais tempo na agenda.

Viva a vida assim

E não se arrependa

Porque chegará o dia

Sem alento,

Em que não haverá mais tempo.

 

Pedro Trajano de Araujo

13 novembro 2020

Penápolis SP

  • Autor: Trajano (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Novembro de 2020 09:41
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi este poema ao ouvir uma amigo contar me do seu arrependimento de não ter abraçado mais a sua mãe enquanto ela estava viva. Ela foi vitimada pelo covid-19. Muito triste.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 15

Comentários3

  • CORASSIS

    Meu amigo que poema observação ,
    verdades sobre nós humanos !
    Enquanto houver tempo...
    Parabéns !
    Abraço.

  • Edla Marinho

    Grande verdade, amigo poeta.
    Infelizmente, nessa correria, deixamos tanta coisa por dizer... Por fazer...
    Calamos tantos "eu te amo", guardamos os abraços... Os beijos e tanto aconchego, enquanto o tempo corre, apesar de nós e por nós.
    Poema sentido e reflexivo, muito bom mesmo.
    Grata por nos proporcionar essa leitura.
    Bom domingo, abraço.

  • Pedro Trajano de Araujo

    Obrigado pelo comentário tão reflexivo.



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