Maximiliano Skol

A DESPEDIDA, ELA SE VAI



O Meu coração , inchado, com batidas lentas não consegue abortar a sua partida.                                   

Logo ela se vai.

Evito seus olhos verdes, tão enormes,

E de sentir ciúme da  boca carnosa.

A mudez é um fantasma entre nós,

Nada resta a falar, tudo é dormente.

(Bebo vodkas duplas, inutilmente)

Na minha garganta um nó não desata um balbucio sequer,

Calam- se os pensamentos...

( Será que ela pensa?)

Há na colina do horizonte uma curva.

A curva do asfalto da rodovia,

Visão perversa e sombria.

                II

Sinto uma saudade antecipada.

Pressinto de mim lágrimas noturnas,

E nos ouvidos pulsações soturnas,

No vazio da casa  errantes sombras,

O silêncio de passos sobre alfombras...

O solitário jantar,

E o meu garçom amigo,

"Ela se foi?"

De voz embargada , não o contradigo.

Ele lamenta o meu castigo.

Meu carro é um inimigo inconsciente,

Onde me magoa o assento ausente.

Essas flores que ela inda cheirou,

E o cãozinho, Monrá,  ela beijou,

O pássaro preto, Pepete, a orelha lhe bicou,

A fechadura da porta que, suave, por ela se abria.

                      III

( Mais uma vodka, dupla, por favor)

E vou mudar de casa para que haja outra porta...

O ônibus anuncia, chegou a hora.

Não há  beijo na fronte, ou toque de abraço, palavra nenhuma,

Tudo é dito com mudeza.

Agora, ela se vai, embarca no ônibus.

As janelas esguias escondem- lhe a beleza,

Já mascarada pela epidemia...

O ônibus, agora, enorme: é um monstro!!

O gás do escapamento, o rooommm do motor

Insinuam desprezo ao meu coração

Pequenino,  e de batidas rápidas...

E fico sem rumo,

Sem aprumo,

Cambaleante e ausente

E sou inexistente...

 

  • Autor: Maximiliano Skol (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de Outubro de 2020 00:45
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 15

Comentários1

  • Cecilia

    Maximiliano, meu amigo, eu, que nem costumo ler poemas longos, fui capturada pelo seu, deslizei com prazer por três lindos capítulos, encantei-me, entre outras colocações geniais, com as mudanças físicas do coração. Adorei!



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.