Naquela casa, de arquitetura modesta
de tábuas separadas por longas frestas
foi a humilde morada onde nasci
Telhas de barro, e de baixo oitão
terreno fechado, não havia portão
nesse quintal, sem gramas, vivi.
A sala pequena, dois quartos, cozinha
privada lá fora, chuveiro não tinha
a gente tomava o banho em bacia.
Em cada aposento só uma janela
que a gente trancava com uma tramela
era pouco seguro mas medo não havia..
Nas portas das peças desciam cortinas
luzes no teto sem o forro em cima
às vezes com velas e até lampião.
Mamãe me pedia : meu filho arrume
Um pedaço de pau, touceira de guanxume
faça u'a vassoura e varra este chão.
Cera vermelha, amarela, incolor
derretidas ao fogo ganhavam mais cor,
o brilho era dado esfregando o escovão.
Tapetes de saco na porta da entrada,
sapato, chinelo, sandália empoeirada
tudo se limpava com muita educação .
As camas de mola, ou duro estrado
quando estavam com um pé quebrado
em seu lugar colocava uma pedra ou tijolo.
Vasos de flores cultivadas em latas
que a gente colhia cavando nas matas
penduradas na área, plantadas no solo.
Buracos na cerca, sem muro e limite
é mesmo lá fora que o filho insiste
e divide o mundo como eu dividi.
Por estas ruas, sem asfalto e calçadas
sem bueiros, sem árvores, esburacadas
menino franzino, descalço, corri ...
Hoje me sinto muito inconformado;
houve progresso, tudo muito avançado
casas melhores, brinquedos perfeitos,
Apesar disso tudo dar comodidade
não vejo ninguém ser feliz de verdade
nos sentimos, ainda, sêres insatisfeitos.
- Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 13 de outubro de 2020 00:36
- Categoria: Infantil
- Visualizações: 66
Comentários5
Perfeito, Elfransilva. Seus pensamentos saem fluidos nos seus versos, mais fluidos ainda.
Um abraço.
Que bom Maximiliano que apreciou meus versos. Realmente vivi assim.
Tenho saudades . Pra você desejo tudo de bom . Forte abraço
Versos que despertaram velhas lembranças do meu passado
Parabéns.
E que bom recordar o nosso berço, não é ? Agradeço por suas palavras . Bom dia e meu abraço
Parabéns poeta. Me faz lembrar da minha infancia na roça.
Recordar é viver . Quanta saudade nossos corações carregam . Grato, Pedro pela sua apreciação. Bom dia
Fantástico um poema para lê e relê e relembrar a nossa humilde e amada infância.
J.O, como é gratificante saber da própria pessoa que gostou . Realmente nós nos reencontramos quando o assunto é "infância ". Um forte abraço poeta. Boa tarde
Você e o poeta das espetacularidades emocionais, quando lemos os poemas que nos remetem também ao nosso passado querido.
Bravo! Lembrei da minha infância.
A gente lembra sim. E ela não passa.
Essas cenas estão na minha mente, bem vivas. Acredita você, que com 63 anos ainda sonho com isso que descrevi ?
Grato por seu comentário. Abraços amigo
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