JUCKLIN CELESTINO FILHO

DESCE DO PEDESTAL

I

Você,  que com arrogância,

Pura ignorância 

Odeia pobres, mendigos e pretos,

Que com esnobe jeito,

Arraigado preconceito,

Humilha a pessoa 

De maneira à toa,

E que movido

Por pretensa superioridade,

Tola vaidade,

Cultivada por sua prepotência 

E imbecil banca,

Não ver que sua pele é branca,

Mas todo sangue é rubro!...

II

E que o sol, na Divina Sabedoria 

De quem o impulsiona,

No seu itinerário 

De todo dia ,

Do seu mister não esquece:

Aquecer a toda criatura 

Na face da terra,

Dispensando tratamento igualitário

A pobres e ricos, plebeus e nobres,

E sem riscos abrasadores,

A não ser demasiada exposição solar,

Não  nega seus raios  solares 

A todos os lares 

Mundo afora,

Não se importando

Com a cor da pele,

Condição social, etnias e crenças,

Idistintamente aquece

Índios e brancos, mulatos,

Mistiços e negros -- toda a humana raça

Que por Divina Graça,

Camarada, é sua irmã,

Filha do mesmo Pai Celestial.

III

Você, carcomido por toda sorte

De excrescência mental,

Afeito a manias, a tolos caprichos,

Vícios e mazelas:

Intolerante,

Prepotente e arrogante,

Que não aceita as diferenças 

Da vida que sempre existiram

E hão sempre de existir

Desde os primórdios do tempo,

Onde há pobres e ricos,

Brancos e negros,

E ninguém pode ser condenado 

Pela religião que professa,

Pela camada social

A que pertença,

Pela opção sexual escolhida,

Pela família à qual foi gerado.

IV

Você, que ama a tudo 

Que representa luxúria,

Ostentação de grandeza,

Esbanjar avaramente sua riqueza ,

Viver em desenfreada osbornia,

Olhando apenas para o umbigo,

Lembre que o mundo

Não gira apenas ao seu redor,

E que todos são iguais 

Perante o Criador. 

V

Você, que odeia criança de rua,

Que na estupidez sua

Detesta pobres, negros,tralhadores,

Servidores públicos,

Nordestinos, esses, espezinhados,

Como seres diminutos tratados,

Que sequer é facultado,

Na deturpada ótica sua,

Ocupar o mesmo espaço seu,

E de todos aqueles pertencentes

Ao seu mesmo círculo social.

VI 

Você, animal de bruta raça,

Que faz festança 

Com a miséria alheia. 

Que coisa feia!

Desce do pedestal!

Vem comigo,

Que lhe mostro

A cara horrenda da fome. 

Já viu, o solo crestado,

A seca abrasante

Que como disse o poeta

"A tudo devora"...

Matando de sede bichos e gente,

Que para não morrer de fome,

Abandona tudo, vai embora?!

VII

Cara, já viu uma favela ? Sabe o que é?

Um barracão,

Um casebre desmoronar no chão,

Uma casa de taipa, uma palafita 

(Suspensa  a paus fincados

No mar, ao sabor

De ventos e tempestades)?

Já viu o desgosto 

Vincado no rosto 

Da pobre mãe,

Cuja face transida de dor  depõe 

A infinda tristeza de ela, impotente,

Coitada, 

Chorar,

Por não ter nada 

Para pôr na mesa  e alimentar 

Crianças famintas 

Que não entendem nada.

Querem apenas o alimento, o pão?!

VIII

Você, que sonente para aparecer 

Na fita,

Ou para lavar grana,

De nababescas obras, bacana,

É mecenas,

Por que não abre o cofre?

Um mísero gesto

De misericórdia apenas ,

Faria toda a diferença. 

Vai, abre a bolsa!

Apenas uns trocados,

Dos seus bilhões guardados,

Valeria  apena,

Alimentaria milhares

De bocas famintas. 

Mas  não !

Na sua concepção doentia,

Essa pobre gente,

Não é gente!

Como bichos , hão de ser tratados!

 

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de Setembro de 2020 10:42
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 38

Comentários6

  • Eras

    Muito bom o seu poema, poeta.
    A poesia e as artes são armas poderosas contra a intolerância e o racismo.
    Abraço

  • JUCKLIN CELESTINO FILHO

    Obrigado , Eras!
    O preconceito, o se achar melhor do que os outros outros por causa do dinheiro que possui, a melhor condição social que detém, a famila à qual nasceu, monstram quão baixa é essa pessoa -- cheia de tantos maus atrativos -- falta de decência mesmo!

  • JUCKLIN CELESTINO FILHO

    Postei como conteúdo triste, porque é muito cruel, por demais tristonho se referir a preconceito, discriminação, seja de que espécie for .

  • CORASSIS

    Nobre poeta escrevestes a realidade nua e crua vivida diariamente.
    Bravo poeta
    Abraço

  • JUCKLIN CELESTINO FILHO

    É isso, Corassis!
    Muito preconceito! Por que sou branco, tenho olho azul, sou melhor do que os outros? Negativo!Essa de discriminação racial, ou preconcroto socio-econômico que mede a pessoa pela posição social , pelo dinheiro que possui , é pura idiotice!
    Obrigado por ter lido meu poema e comentado com muita propriedade.

  • Menino e a Lua

    Bravo , bravo e bravo!

    "Não ver que sua pele é branca,
    Mas todo sangue é rubro!..."

    Que todo homem ou mulher que faz estes mals possam ler esta um dia e se arrependam.

    Parabens Poeta



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.