Marcellus Augusto

O silêncio e a dor

A minha mente não para de pensar

São tantos erros, tantas mágoas

Tornei-me irracional, irresponsável

Um pouco leviano, um pouco precipitado

Transformei-me em alguém que não consigo compreender. 

Como um estado de adúlterio, peco contra a minha consciência

Todos os dias estou me traindo

Tudo isso me pesa, tudo isso me faz sofrer

Nesse processo de autopunição

vou me isolando de tudo e todos

Fico distante dos meus amigos, 

Corto laços de amizades com os outros, 

Os outros cortam comigo 

Nesse estranho processo,

Tudo isso vai se naturalizando na minha vida,

Tudo isso se encerra no final do dia,

Quando termino sem falar com ninguém. 

Os dias estão secos, me falta inspiração

Falta força, falta resistência, dignidade ou caráter,

Escondo o meu rosto do sol 

E como sinal de vergonha não saio de casa. 

Evito saber da vida dos meus colegas,

Amigos ou de quem gostava

Pois nesses últimos dias, 

tenho inveja de qualquer um que não seja eu. 

Estou, agora, largado na minha solidão

Sem nenhum dinheiro, companhia ou talento

Os meus poemas não podem me consolar, porque são fracos, 

O meu talento nada me levou, porque nunca tive 

O meu conhecimento pouco rendeu, porque era inútil 

Como um lutador que não consegue ficar de pé,

mas precisa continuar na luta, 

Estou caminhando e lutando, preciso seguir

Ainda que me falte força ou sentido

Buscando, no processo, entender qual o sentido da minha vida, 

Ou conhecer os mistérios da existência.

Que no final eu possa entender todas essas sensações e experiências

Como um grande mosaico,

o mosaico da minha vida, 

O mosaico da minha história. 

Ou talvez tudo isso seja futilidade da minha mente,

Talvez eu não esteja passando nada demais,

Talvez eu seja um fútil, um covarde ou bobo

Talvez eu tivesse namorado com uma simples garota,

Talvez eu tivesse sido mais ousado e fosse ganhar dinheiro,

Talvez eu pudesse ser alguém socialmente mais destacado,

Mas diante de tantos "talvez", 

O que me sobra é o silêncio,

Porque ele não é talvez, ou é, ou não é,

Nele me escondo, choro e me questiono

No silêncio não encontro respostas,

Mas não encontro juízos,

Nele encontro o meio que me chego ao Divino,

No final, eu sigo sendo consolado pelo nada

Ao mesmo tempo, que aspiro por tudo. 

  • Autor: Místico (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de Setembro de 2020 01:20
  • Comentário do autor sobre o poema: Mais um poema pobre, escrito por um autor sem talento, indigno de revelar sua identidade por vergonha de revelar sua falta de capacidade.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 14

Comentários2

  • Shmuel

    Místico, seu poema é forte, sua inspiração madura e precisa. Questionar as próprias fragildades é sinal puro de coragem.
    Abraços.

  • @(ND)

    Inspiração que contém uma realidade efêmera, continue , não pare , Talentos vc tem e com certeza precisa e muito coloca-los em prática sempre. E nada disso é fraquza , mas uma fortaleza que transcende. Gratidão pela partilha, poeta Peregrino Anônimo... Shalom!



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