A minha mente não para de pensar
São tantos erros, tantas mágoas
Tornei-me irracional, irresponsável
Um pouco leviano, um pouco precipitado
Transformei-me em alguém que não consigo compreender.
Como um estado de adúlterio, peco contra a minha consciência
Todos os dias estou me traindo
Tudo isso me pesa, tudo isso me faz sofrer
Nesse processo de autopunição
vou me isolando de tudo e todos
Fico distante dos meus amigos,
Corto laços de amizades com os outros,
Os outros cortam comigo
Nesse estranho processo,
Tudo isso vai se naturalizando na minha vida,
Tudo isso se encerra no final do dia,
Quando termino sem falar com ninguém.
Os dias estão secos, me falta inspiração
Falta força, falta resistência, dignidade ou caráter,
Escondo o meu rosto do sol
E como sinal de vergonha não saio de casa.
Evito saber da vida dos meus colegas,
Amigos ou de quem gostava
Pois nesses últimos dias,
tenho inveja de qualquer um que não seja eu.
Estou, agora, largado na minha solidão
Sem nenhum dinheiro, companhia ou talento
Os meus poemas não podem me consolar, porque são fracos,
O meu talento nada me levou, porque nunca tive
O meu conhecimento pouco rendeu, porque era inútil
Como um lutador que não consegue ficar de pé,
mas precisa continuar na luta,
Estou caminhando e lutando, preciso seguir
Ainda que me falte força ou sentido
Buscando, no processo, entender qual o sentido da minha vida,
Ou conhecer os mistérios da existência.
Que no final eu possa entender todas essas sensações e experiências
Como um grande mosaico,
o mosaico da minha vida,
O mosaico da minha história.
Ou talvez tudo isso seja futilidade da minha mente,
Talvez eu não esteja passando nada demais,
Talvez eu seja um fútil, um covarde ou bobo
Talvez eu tivesse namorado com uma simples garota,
Talvez eu tivesse sido mais ousado e fosse ganhar dinheiro,
Talvez eu pudesse ser alguém socialmente mais destacado,
Mas diante de tantos \"talvez\",
O que me sobra é o silêncio,
Porque ele não é talvez, ou é, ou não é,
Nele me escondo, choro e me questiono
No silêncio não encontro respostas,
Mas não encontro juízos,
Nele encontro o meio que me chego ao Divino,
No final, eu sigo sendo consolado pelo nada
Ao mesmo tempo, que aspiro por tudo.