Nessa cidade, no interior ou lá no sertão
Nesse chão, caminho de travessia
O arrepio que se dá é da fome fria
Chegando no inverno, persevera no verão
As folhas secas, seca perene de caatinga
Seja na primavera ou no outono que se vai
A estação não transforma a aridez ferina
Nem as dores ou o vazio da barriga que contrai
No vértice soberbo da sociedade
Aguardam-se certos a fartura da ceia
Noutro ponto, lá embaixo, não existe bonança
O cessar da fome é mera esperança
Em canto a poesia se fez canção
Há cantos com arpejos de solidão
Canções de melancolia e humanidade
E cantigas de distância, num canto marginal
Empatia é o escudo, o caminhar junto, o ideal
Faz da fraternidade essência da criatura
Para afetar esse povo que enfrenta tanta dor
Nesse caminho sinuoso, procissão da incúria
O abraço é o Sol que toda gente anceia
O acolhimento tem aroma de felicidade
Viver com dignidade, esse é o valor
Em qualquer recanto desse mundo severo
É o pão mais precioso o amor fraterno
Atente-se ao chão, estenda a mão
Liberte-se da ilusão, inclua o irmão
Pois não é livre aquele que o desdenha
Atente-se ao chão, estenda a mão
Liberte-se da ilusão, inclua o irmão
- Autor: Hébron (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 3 de setembro de 2020 00:11
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 18
- Usuários favoritos deste poema: Ernane Bernardo
Comentários5
Ah!!! Que coisa mais linda, teus versos, apesar do tema ser sofrido e tocante, a beleza da criação é de se aplaudir!
Muito obrigada por partilhar, poeta Hébron.
Boa madrugada, meu abraço.
Muito obrigado, Edla!
Seus comentários são estímulos carinhosos.
Muito obrigado
Versos comoventes, profundamente reflexivos. Parabéns.
Muito obrigado, caro poeta!
Abraço
Parabéns, poeta Hebron, um poema instigante! Reflexões da realidade.
Abraços
Amigo poeta Ernane, fico muito grato por seu comentário.
Grande abraço
Parabens poeta por estes versos bem postos.
1 ab
Fico sempre grato por seu comentário, caro poeta!
Abraço
Todos buscam no Céu, o antídoto para os males humanos; que sejam bênçãos ou outro planeta; "Atente-se ao chão.. inclua o irmão"...
"... Eu não Pátria, tenho Mátria e quero Frátria..." Caetano Veloso
Chico, esse poema foi um manifesto da minha indignação com a indiferença das pessoas, mas é uma reflexão que faço também para mim mesmo sobre as ações que me motivam nesse mundo. Qual a responsabilidade que nos cabe?
Abraço, meu amigo
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