Hébron

Inclua o irmão

 

Nessa cidade, no interior ou lá no sertão
Nesse chão, caminho de travessia
O arrepio que se dá é da fome fria
Chegando no inverno, persevera no verão

 

As folhas secas, seca perene de caatinga
Seja na primavera ou no outono que se vai
A estação não transforma a aridez ferina
Nem as dores ou o vazio da barriga que contrai

 

No vértice soberbo da sociedade
Aguardam-se certos a fartura da ceia
Noutro ponto, lá embaixo, não existe bonança
O cessar da fome é mera esperança

 

Em canto a poesia se fez canção
Há cantos com arpejos de solidão
Canções de melancolia e humanidade
E cantigas de distância, num canto marginal

 

Empatia é o escudo, o caminhar junto, o ideal
Faz da fraternidade essência da criatura
Para afetar esse povo que enfrenta tanta dor
Nesse caminho sinuoso, procissão da incúria

 

O abraço é o Sol que toda gente anceia
O acolhimento tem aroma de felicidade
Viver com dignidade, esse é o valor
Em qualquer recanto desse mundo severo

 

É o pão mais precioso o amor fraterno
Atente-se ao chão, estenda a mão
Liberte-se da ilusão, inclua o irmão
Pois não é livre aquele que o desdenha

 

Atente-se ao chão, estenda a mão
Liberte-se da ilusão, inclua o irmão