Uma intrusa elegante

Minha Caixa de Pandora

Ela chega sem pedir licença,

de salto alto, batida firme, cara fechada.

Arranca o pijama do nosso corpo mole,

varre da casa o cheiro de pão na chapa.

 

O domingo ainda balança na rede,

mas ela já exige: “Levanta!”

Com a agenda cheia, cheia demais,

sequestra a calma, o descanso, a manta.

 

O sol ensaia ficar mais um pouco,

mas ela joga um véu de cinza na janela.

E o café, que antes era um abraço quente,

vira pressa, vira rotina, vira novela.

 

Segunda, ladra de sossego,

rainha impiedosa do despertador.

Mas a gente encara — meio vivo, meio vencido —

armado de café forte, coragem

e um toque de batom da cor do humor.

  • Autor: Medusa (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de novembro de 2025 09:51
  • Comentário do autor sobre o poema: Este poema nasceu da minha eterna tentativa de fazer as pazes com a segunda-feira. Ela sempre chega antes do que eu gostaria, cheia de exigências, tirando da gente o restinho de calmaria que o domingo guarda. Ainda assim, há algo de bonito nesse recomeço forçado — uma espécie de coragem cotidiana que todos carregamos, mesmo quando o humor não ajuda. Mas, no fundo, somos nós que damos cor ao dia, seja com café forte, seja com um toque de teimosia poética.
  • Categoria: Humor
  • Visualizações: 21
  • Usuários favoritos deste poema: Nelson de Medeiros, Arthur Santos
Comentários +

Comentários3

  • Nelson de Medeiros

    Nesta segunda feira: ***** pra ti.

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Nossa que poema lindíssimo. Lembro-me de quando ganhei meu primeiro despertador de presente, nossa que emoção kkkkkkk

  • Arthur Santos

    .. e um toque de batom da cor do humor...
    GENIAL!



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