Ela chega sem pedir licença,
de salto alto, batida firme, cara fechada.
Arranca o pijama do nosso corpo mole,
varre da casa o cheiro de pão na chapa.
O domingo ainda balança na rede,
mas ela já exige: “Levanta!”
Com a agenda cheia, cheia demais,
sequestra a calma, o descanso, a manta.
O sol ensaia ficar mais um pouco,
mas ela joga um véu de cinza na janela.
E o café, que antes era um abraço quente,
vira pressa, vira rotina, vira novela.
Segunda, ladra de sossego,
rainha impiedosa do despertador.
Mas a gente encara — meio vivo, meio vencido —
armado de café forte, coragem
e um toque de batom da cor do humor.