LENDO COM OS OLHOS DE MEU AVÔ

Sezar Kosta

Lembro do entardecer em que sentei ao lado do velho carvalho —
meu avô com mãos de terra e olhos de tempestade.
Ele me ofereceu um livro,
mas antes pediu que eu ouvisse
o vento entre as folhas,
o sussurro das páginas ainda fechadas.

 

Aprendi com seus silêncios,
com a paciência de suas perguntas,
e com o jeito que ele se curvava ao saber dos outros,
como quem acolhe chuva em conchas abertas.

 

Anos depois, sentado diante de jovens atentos,
percebi em mim o eco daquele gesto:
cada palavra que semeio agora
carrega a humildade de quem um dia
soube escutar o mundo
antes de ensinar qualquer coisa sobre ele.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de novembro de 2025 22:59
  • Comentário do autor sobre o poema: Um dia, quis ensinar o caminho, mas tropecei nas pedras que nunca observei. Só então entendi: o mestre nasce quando o aprendiz ainda escuta o vento, quando aceita errar e recomeçar. Ser sábio não é saber tudo — é permanecer curioso, mesmo diante da própria sabedoria. Quem deixa de aprender, silencia o brilho de ensinar.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 22
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Luana Santahelena
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Comentários1

  • Luana Santahelena

    “Aquele que não é um bom aprendiz não será um bom mestre.” (Platão)



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