Lembro do entardecer em que sentei ao lado do velho carvalho —
meu avô com mãos de terra e olhos de tempestade.
Ele me ofereceu um livro,
mas antes pediu que eu ouvisse
o vento entre as folhas,
o sussurro das páginas ainda fechadas.
Aprendi com seus silêncios,
com a paciência de suas perguntas,
e com o jeito que ele se curvava ao saber dos outros,
como quem acolhe chuva em conchas abertas.
Anos depois, sentado diante de jovens atentos,
percebi em mim o eco daquele gesto:
cada palavra que semeio agora
carrega a humildade de quem um dia
soube escutar o mundo
antes de ensinar qualquer coisa sobre ele.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline) - Publicado: 6 de novembro de 2025 22:59
- Comentário do autor sobre o poema: Um dia, quis ensinar o caminho, mas tropecei nas pedras que nunca observei. Só então entendi: o mestre nasce quando o aprendiz ainda escuta o vento, quando aceita errar e recomeçar. Ser sábio não é saber tudo — é permanecer curioso, mesmo diante da própria sabedoria. Quem deixa de aprender, silencia o brilho de ensinar.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 22
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Offline)
Comentários1
“Aquele que não é um bom aprendiz não será um bom mestre.” (Platão)
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